A implantação das redes de telefonia móvel 5G deve conectar 85% das escolas brasileiras até 2028, segundo expectativas do próprio Ministério das Comunicações. De modo geral, a tecnologia vai reduzir custos, ampliar a possibilidade de transmissão de dados e reduzir impactos ambientais. Em tese, os professores e estudantes terão maior flexibilidade, ultrapassando barreiras que a conectividade limitava ao wi-fi e outros dispositivos que exigiam maior estrutura e, consequentemente, mais recursos. A transformação, porém, não ficará restrita às inovações tecnológicas e vai demandar uma nova formação profissional – do ensino técnico ao mais qualificado – para acompanhar o futuro do trabalho. É o velho desafio de sempre.
Não é de hoje que o Brasil enfrenta tal dificuldade, mas a tendência é que o problema se agrave daqui por diante com um mercado cada vez mais veloz.
Conforme estimativa da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), as áreas de tecnologia serão as que mais demandarão novos profissionais nos próximos três anos. Somadas, serão mais de 670 mil postos de trabalho buscados até 2025. Os números reforçam um movimento iniciado em 2021, quando uma busca exponencial por mão de obra foi registrada durante a pandemia de covid-19, impulsionado principalmente pela aceleração do processo de transformação digital das empresas.
E o cenário atual não só eleva as dificuldades para as pessoas em busca de emprego, mas também reduz o potencial de produtividade do país. Assim, a pergunta que deve ser respondida é o que fazer para superar o abismo entre as exigências do mercado de trabalho e a qualificação. Sem dúvida, repensar a educação, unindo esforços do setor público e privado, é a única saída.
Nesse sentido, precisamos encarar a 5G como aliada, justamente porque permite a experiência de um ensino mais profundo. Se confirmada as previsões, a tecnologia que chega em julho permitirá um salto na qualidade dos projetos educacionais. Desta forma, as aulas síncronas serão transmitidas até para os locais mais remotos, com maior qualidade audiovisual, chegando até cem vezes a velocidade da tecnologia atual 4G que é de 19,8 Mbps.
Outro ponto a favor é a latência, que é equivalente ao tempo entre a saída de um pacote de dados de um servidor e a chegada em outro. É esse gap que atrasa ou tira o sincronismo da comunicação. A 5G permitirá respostas em tempo real, como um movimento instantâneo de um sistema de direção automática ou sincronicidade ao utilizar um óculos de realidade aumentada, por exemplo. Essas mudanças permitem aulas mais imersivas.
Parece pouco, mas tudo isso ajuda na construção de um processo educacional de qualidade, que deve ser pautado por uma comunicação eficiente, para que a mensagem, que é o conhecimento, seja transmitida e assimilada da melhor maneira possível.
*Francisco Borges é mestre em Políticas Públicas de Ensino e consultor da Fundação FAT.