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Aos 15 anos, Ann Makosinski criou uma lanterna que funciona apenas com o calor da mão; invenção venceu competição do Google em 2013 e revelou uma nova era da energia termoelétrica portátil.

Em maio de 2013, durante a final mundial da Google Science Fair, o mundo conheceu uma das invenções juvenis mais impressionantes da década: uma lanterna que funciona sem pilhas, sem bateria e sem recarga elétrica, alimentada exclusivamente pelo calor da mão humana. A criadora era a canadense Ann Makosinski, então com apenas 15 anos, estudante do ensino médio em Victoria, na província da Colúmbia Britânica. A invenção, batizada de Hollow Flashlight, venceu a categoria principal do concurso e colocou definitivamente a jovem no radar da engenharia global.

A motivação surgiu de um problema real. Ann tinha uma amiga nas Filipinas que enfrentava apagões frequentes e não tinha acesso regular a pilhas. A pergunta que a jovem fez foi simples e devastadora: por que uma lanterna precisa de pilhas para funcionar, se o corpo humano emite calor o tempo todo? A resposta veio na forma de um projeto que uniu termodinâmica, efeito Seebeck e criatividade aplicada.

A lanterna que transforma calor em eletricidade

O princípio físico por trás da Hollow Flashlight é conhecido há mais de um século: o efeito Seebeck, pelo qual uma diferença de temperatura entre dois materiais condutores gera uma corrente elétrica. Ann percebeu que a diferença térmica entre o interior da mão humana e o ar ambiente poderia ser suficiente para produzir energia aproveitável.

A estrutura da lanterna é o que torna isso possível. Em vez de um corpo sólido, ela projetou um tubo oco de alumínio, que maximiza o contato do lado interno com o calor da mão e expõe o lado externo à temperatura ambiente. Entre essas duas superfícies, ela instalou módulos termoelétricos (TEGs) capazes de converter o gradiente térmico em eletricidade.

O resultado é uma lanterna que começa a emitir luz após alguns segundos de contato com a mão, aumentando gradualmente a intensidade à medida que o fluxo de calor se estabiliza. Não há armazenamento de energia.

A luz existe apenas enquanto houver diferença de temperatura, o que elimina totalmente a necessidade de pilhas, baterias, tomadas ou carregadores.

Por que a Hollow Flashlight é uma ruptura tecnológica

O que torna essa invenção realmente disruptiva não é apenas o fato de funcionar sem pilhas, mas sim o modelo energético que ela propõe. Tecnologias portáteis modernas são completamente dependentes de:

  • baterias de lítio;
  • cadeias globais de mineração;
  • sistemas de recarga elétrica;
  • descarte de resíduos químicos.

A lanterna de Ann rompe com toda essa lógica. Ela se baseia em três premissas fundamentais:

  • energia sempre disponível no próprio corpo humano;
  • zero consumo de insumos externos durante o uso;
  • ausência total de resíduos químicos ao fim da vida útil.

Em regiões do mundo onde a eletricidade é instável, inexistente ou cara, isso não é apenas curiosidade científica. É uma solução concreta de sobrevivência.

O reconhecimento global e o prêmio do Google

Ao vencer o Google Science Fair 2013, Ann Makosinski superou milhares de concorrentes de dezenas de países. A vitória lhe garantiu:

  • US$ 25 mil em prêmios;
  • mentoria direta de engenheiros e cientistas do Google;
  • visitas a laboratórios de ponta;
  • convites para palestrar em universidades e fóruns científicos.

Pouco depois, ela também passou a ser reconhecida em eventos ligados à Intel, à Maker Faire internacional e a feiras de inovação energética. Sua invenção deixou de ser apenas um projeto escolar e passou a ser tratada como prova de conceito de uma nova classe de dispositivos energéticos pessoais.

Energia termoelétrica: de usinas ao bolso

Antes da Hollow Flashlight, a termogeração era usada quase exclusivamente em:

  • sondas espaciais movidas por radioisótopos;
  • recuperação de calor de motores industriais;
  • usinas experimentais.

O que Ann fez foi miniaturizar esse conceito para o uso cotidiano. A partir daí, abriu-se uma frente inteira de pesquisa voltada a:

  • lanternas de emergência sem pilhas;
  • sensores ambientais autossuficientes;
  • dispositivos médicos alimentados pelo calor do corpo;
  • equipamentos de sobrevivência para zonas de desastre.

A lanterna que começa a emitir luz apenas com o contato da mão transformou o que era um conceito de laboratório em algo palpável, didático e imediatamente compreensível pelo público.

O impacto social por trás da invenção

O aspecto mais poderoso da Hollow Flashlight não é técnico, mas social. Em diversas regiões da África, Ásia e América Latina, milhões de pessoas ainda dependem de:

  • velas;
  • querosene;
  • lanternas de pilha cara;
  • improvisações perigosas.

Essas fontes geram incêndios, intoxicações, acidentes domésticos e riscos para crianças. A proposta de uma lanterna que nunca descarrega, nunca precisa de tomada e nunca exige pilhas tem potencial direto sobre:

  • educação noturna;
  • segurança doméstica;
  • resposta a desastres;
  • acampamentos humanitários;
  • comunidades isoladas.

Ela transforma luz em algo tão acessível quanto o próprio corpo.

O custo e a viabilidade industrial

Nos primeiros protótipos, os módulos termoelétricos ainda tinham custo elevado, o que inviabilizava a produção em massa imediata. No entanto, especialistas apontaram que, com a queda dos preços desses componentes ao longo dos anos seguintes, a ideia se tornaria perfeitamente escalável.

A vantagem estrutural é clara:

  • nenhum compartimento de pilhas;
  • nenhuma bateria;
  • nenhum circuito de recarga;
  • desgaste mínimo de componentes.

Isso reduz drasticamente o custo de manutenção ao longo da vida útil do produto.

De estudante a referência mundial em inovação limpa

Após a repercussão mundial da Hollow Flashlight, Ann Makosinski seguiu carreira na engenharia e no design industrial. Ela passou a ser convidada para fóruns globais de sustentabilidade, inovação limpa e energia alternativa. Seu caso tornou-se referência em discussões sobre:

  • criatividade juvenil aplicada à ciência;
  • soluções energéticas descentralizadas;
  • tecnologia de impacto social real;
  • inovação de baixo custo com base científica sólida.

O que mais chamou atenção da comunidade científica não foi apenas a idade da inventora, mas o fato de ela ter identificado uma solução extremamente simples para um problema energético global extremamente complexo.

Por que essa lanterna ainda é citada como uma das maiores invenções juvenis do século

Passados mais de dez anos desde sua apresentação, a Hollow Flashlight continua sendo citada em:

  • aulas de física aplicada;
  • cursos de engenharia energética;
  • programas de inovação social;
  • debates sobre tecnologias sem bateria.

Isso acontece porque ela reúne, no mesmo objeto:

  • ciência clássica;
  • engenharia moderna;
  • impacto humanitário;
  • sustentabilidade ambiental;
  • aplicabilidade direta.

Poucas invenções juvenis conseguiram atingir ao mesmo tempo esses cinco critérios.

A lanterna criada por Ann Makosinski aos 15 anos não é apenas um experimento curioso. Ela representa um novo modo de pensar energia portátil, onde a eletricidade deixa de depender de redes, tomadas e baterias, passando a existir diretamente no contato entre o corpo humano e o ambiente.

Em um mundo cada vez mais dependente de dispositivos elétricos, a ideia de gerar luz a partir do simples calor da mão continua sendo um dos exemplos mais claros de como a combinação entre ciência básica e criatividade pode produzir soluções verdadeiramente revolucionárias, mesmo quando parte de uma estudante de ensino médio em um quarto de garagem no Canadá.

com informações de Clickpetroleoegas 

Fonte: Diário Do Brasil

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Aos 15 anos, jovem cria lanterna que funciona apenas com o calor da mão humana, dispensa pilhas e revela uma das soluções energéticas portáteis mais surpreendentes