O sistema chamado Autopilot usa um amplo modelo de linguagem (LLM) para analisar e realizar alterações automaticamente nos contratos
Pela primeira vez, uma inteligência artificial conseguiu negociar um contrato jurídico sem precisar de auxílio humano.
A tecnologia chamada de Autopilot foi criada pela Luminance, uma empresa britânica de IA que desenvolveu o sistema baseado em um modelo de linguagem capaz de analisar e realizar alterações automaticamente nos contratos.
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A informação vêm da CNBC, que conversou com Jaeger Glucina, chefe de gabinete da Luminance. Segundo a profissional, a IA chega para eliminar parte da papelada preenchida diariamente por advogados.
O Autopilot lida com as negociações do dia a dia, liberando os advogados para usarem sua criatividade onde for importante e não se prenderem a esse tipo de trabalho.
Isso é apenas negociação de IA com IA, desde a abertura de um contrato no Word até a negociação dos termos e depois enviá-lo para a DocuSign. Tudo isso agora é feito pela IA, que não só é legalmente treinada, o que já falamos ser muito importante, mas também entende o seu negócio.
Jaeger Glucina, chefe de gabinete da Luminance.
Além do Autopilot, a Luminance desenvolveu um chatbot semelhante ao ChatGPT, projetado para auxiliar advogados a revisarem e consultarem contratos e identificar pontos de alerta e cláusulas que podem ser problemáticas.
Como funciona a IA
- Na demonstração do Autopilot, a CNBC descreve que a tecnologia analisou um contrato NDA (“Non Disclosure Agreement“, ou acordo de não divulgação em português) entre o consultor jurídico geral da Luminance e da empresa de pesquisa ProSapiente.
- Realizando uma análise do conteúdo do contrato, a IA destacou cláusulas controversas em vermelho e sugeriu alterações para o texto.
- Para Glucina, o uso do Autopilot é mais recomendável para situações como essa do que softwares como o da OpenAI, por exemplo, afinal a tecnologia é adaptada especificamente para a indústria jurídica.
O software da Luminance começa destacando cláusulas controversas em vermelho. Essas cláusulas são então alteradas para algo mais adequado, e a IA mantém um registro das alterações feitas ao longo de seu progresso. A IA leva em consideração as preferências das empresas sobre como normalmente negociam contratos.
Por exemplo, o NDA sugere um prazo de seis anos para o contrato. Mas isso é contra a política da Luminance. A IA reconhece isso e então o reformula automaticamente para inserir um prazo de três anos para o acordo.
Descrição da demonstração do Autopilot por Ryan Browne da CNBC.
A Luminance ainda não divulgou informações sobre e o custo do software e sua disponibilidade em diferentes países. Atualmente a empresa vende seus sistemas por meio de assinaturas anuais que permitem acesso ilimitados aos produtos.
Por William Schendes, editado por Gabriel Sérvio | Olhar Digital