Pesquisadora cria o primeiro cristal desenvolvido em laboratório que brilha no escuro, unindo inovação tecnológica à joalheria

(Imagem: Sofie Boons via IFLScience)

Uma pesquisadora da UWE Bristol desenvolveu o primeiro cristal criado em laboratório que brilha no escuro, abrindo caminho para inovações no design de joias.

A joalheira e pesquisadora Sofie Boons, do Centro de Pesquisa em Impressão (CFPR) da Universidade do Oeste da Inglaterra (UWE Bristol), está revolucionando a indústria da joalheria. Em parceria com a empresa suíça BREVALOR Sarl, Boons criou o primeiro cristal fosforescente cultivado em laboratório, que emite luz no escuro e brilha sob a luz do dia.

Essa descoberta marca um avanço significativo na criação de pedras preciosas artificiais para joias contemporâneas.

Cristais criados em laboratório

  • Nos últimos três anos, Sofie Boons tem conduzido experimentos para testar a viabilidade e os usos de cristais inovadores na produção de joias.
  • Trabalhando com o material BRG, desenvolvido pela BREVALOR, ela conseguiu lapidar um cristal que apresenta propriedades semelhantes às gemas tradicionais, como dureza e brilho.
  • No entanto, o diferencial do BRG está na sua capacidade de brilhar no escuro, oferecendo novas possibilidades criativas para designers de joias.
  • Os cristais BRG são produzidos de forma semelhante aos cristais de silício, amplamente utilizados na tecnologia desde os anos 1950, com a invenção do transistor.
  • Hoje, os cristais de silício são fundamentais para dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares.
  • A criação do BRG coloca os cristais fosforescentes como uma adição inovadora à chamada “era dos cristais”.
cristal que brilha no escuro
(Imagem: Sofie Boons via IFLScience)

Inovação e sustentabilidade no mercado de joias

Sofie Boons destaca que os cristais cultivados em laboratório têm um grande potencial sustentável, mas ainda enfrentam resistência dentro da indústria, que muitas vezes os vê como materiais “sintéticos” e de menor valor. Ela acredita que a tecnologia de crescimento de cristais, como o BRG, pode transformar a maneira como enxergamos as gemas, permitindo a criação de joias únicas e sustentáveis.

“Esses cristais representam uma oportunidade incrível para designers contemporâneos. Mas, para isso, é necessário mudar a percepção da indústria sobre esses materiais. Eles devem ser valorizados de forma justa, e os cientistas que os criam não devem ser temidos como ladrões por negociantes e joalheiros”, afirmou Boons.

Colaborações e expansão

A pesquisa com o BRG começou quando Sofie entrou em contato com Dr. Daniel Rytz, fundador da BREVALOR e especialista em crescimento de cristais. Rytz expressou seu entusiasmo pela colaboração, destacando sua paixão pela criação de cristais transparentes com efeitos fosforescentes. A parceria resultou em peças de joias inovadoras, como brincos e pingentes que utilizam o material para criar efeitos luminosos únicos.

Boons e Rytz continuam trabalhando juntos no desenvolvimento de uma linha de cristais BRG que poderá ser comercializada para outros joalheiros, ampliando as possibilidades criativas no design de joias.

cristal que brilha no escuro
(Imagem: Sofie Boons via IFLScience)

Exposições e futuro da pesquisa

Além de seu trabalho de doutorado, previsto para ser publicado em 2024, Sofie Boons está organizando diversas exposições em Bristol, Londres e na cidade de Idar Oberstein, na Alemanha, conhecida por sua tradição na lapidação de pedras preciosas.

Essas exposições irão lançar uma coleção maior de joias feitas com materiais criados por Dr. Rytz, desafiando as normas da indústria sobre pedras preciosas cultivadas em laboratório.

Ana Luiza Figueiredo / Olhar Digital

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Tecnologia na joalheria: cristal inédito criado em laboratório brilha no escuro