Nick Carey/REUTERS

As montadoras locais pediram ao presidente Lula que antecipe o aumento do imposto de importação de veículos elétricos e híbridos para 35% imediatamente como forma de barrar fabricantes chinesas, como BYD e GWM, que prometem início de produção local enquanto inundam o mercado com modelos importados.

O assunto foi discutido na última reunião da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) com Lula e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Geraldo Alckmin (Indústria), Luiz Marinho (Trabalho) e CEOs de 12 montadoras.

Somente o ministro Rui Costa se posicionou contrariamente ao pleito da indústria local que, na Camex (Câmara de Comércio Exterior), tenta barrar uma competição que considera ser desleal. A decisão final deve sair na segunda quinzena de novembro.

Na conversa com Lula, as fabricantes afirmaram que há um estoque de 80 mil veículos importados chineses a serem desembarcados no país, principalmente da BYD, como forma de escoar a sobreoferta de elétricos e híbridos eletrificados na China, onde o consumo sofreu retração.

Segundo relatos feitos ao presidente, esses carros chegam totalmente montados e ingressam no país principalmente pelos portos de Vitória (ES) e Paranaguá (PR), estados que oferecem descontos de ICMS aos importadores, o que torna o preço final do veículo bastante competitivo.

Pelo arranjo inicial, a alíquota de importação para veículos eletrificados e híbridos atingiria seu patamar máximo (35%) em 2026. Hoje, ela varia entre 5% e 25%, dependendo da categoria do veículo e do nível de produção local.

Os modelos híbridos importados totalmente montados (CBU) são taxados a 25%, enquanto aqueles montados a partir de kits (CKD) têm 7% de imposto. Entre os totalmente elétricos, as alíquotas vigentes são de 18% (CBU) e 5% (CKD).

Essas tarifas aumentariam em 2025 até chegar ao teto em 2026, sendo mantidas até 2028. A indústria quer que elas sejam antecipadas imediatamente para corrigir as distorções.

Na reunião, o presidente Lula, que usa um veículo fornecido pela BYD ao governo, não se manifestou. O ministro Rui Costa disse que a BYD deve iniciar sua produção na fábrica de Camaçari (BA) em janeiro.

No entanto, representantes do governo afirmaram ter obtido a informação junto à sede da fabricante, na China, que essa etapa teria início em dezembro de 2025.

Costa rechaçou a informação e fez uma defesa da montadora chinesa, que se instala na Bahia, seu estado natal.

Montadoras disseram na reunião com Lula que a BYD adiou três vezes a data do início de sua produção. Recentemente, o representante da montadora no Brasil, Alexandre Baldy, afirmou que haverá novo atraso —de dois meses— devido a problemas do regime de desembaraço de máquinas no porto de Salvador.

Consultado, o representante da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, afirmou que esteve com o vice-presidente da República, o ministro da Indústria Geraldo Alckmin, e informou que a fábrica estará produzindo em dezembro deste ano.

“Todos os problemas aduaneiros forma resolvidos”, disse Baldy. “Transmiti a informação pessoalmente ao ministro.”

O executivo também disse que a empresa é favorável à antecipação das alíquotas para as montadoras.

“Somos a favor [da antecipação], independente da nacionalidade das empresas”, disse. “Temos quase R$ 1 bilhão consolidados em investimentos no país, vamos começar nossa produção. Agora, há outras que fazem anúncios [de produção local] que só se concretizarão daqui dois anos.”

Como noticiou a Folha, a chinesa Neta Auto, dona das marcas AYA e X, também reportou atrasos devido a problemas na montagem de sua cadeia de peças e concessionárias. Inicialmente, a GWM, que produz o Haval e Ora, anunciou que seus primeiros carros montados na unidade de Iracemápolis (SP) deveriam sair neste semestre. No entanto, adiou para o primeiro trimestre de 2025.

Procurada, a Anfavea confirmou seu posicionamento e o pedido ao governo. O ministro Rui Costa não respondeu.

Fonte: Folha de S.Paulo

Fonte: Diário Brasil Noticias

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Montadoras brasileiras solicitam a Lula a criação de uma barreira tarifária contra a BYD