
O curso de Medicina Veterinária da Universidade de Marília (Unimar) promoveu uma capacitação especial voltada a mais de 120 agentes de saúde e médicos veterinários da Prefeitura Municipal de Marília, com foco na esporotricose felina, uma doença zoonótica que tem se tornado cada vez mais presente nas áreas urbanas. A formação aconteceu no anfiteatro Professor Raul Girio, no Bloco 8 da Unimar, e contou com palestra da Prof.ª Dra. Cláudia Repetti, docente da disciplina de Doenças Infecciosas, com apoio da Liga Acadêmica de Saúde Pública Veterinária.
Segundo o coordenador do curso, Prof. Dr. Fábio Manhoso, a proposta é integrar a formação acadêmica à realidade da saúde pública, promovendo o conhecimento e o enfrentamento de doenças que impactam diretamente a população. “Proporcionamos a eles um treinamento especial referente a uma zoonose importante, a esporotricose felina. É uma doença que vem surgindo principalmente nas grandes cidades e, agora, é de notificação obrigatória. Aproveitamos esse momento para que os agentes, que já atuam em visitas domiciliares e no controle de outras doenças como raiva e leishmaniose, também passem a ter esse olhar atento à esporotricose, colaborando com sua prevenção e controle”, conta.
A esporotricose é uma micose de caráter crônico, causada por um fungo presente no solo. Sua transmissão ocorre principalmente por meio de arranhões de gatos contaminados, podendo afetar tanto outros animais quanto seres humanos. A doença se manifesta por meio de feridas que não cicatrizam, exigindo atenção especial durante o atendimento domiciliar dos agentes de saúde.

Durante a capacitação, a Prof.ª Dra. Cláudia Repetti apresentou os principais sinais clínicos da doença, abordou aspectos do ciclo de transmissão e orientou os profissionais quanto à importância da vigilância e da orientação aos tutores de animais. “O objetivo da palestra foi orientar esses agentes de saúde, para que, ao realizarem as visitas domiciliares, fiquem atentos à possível presença da doença, tanto nos animais quanto nos indivíduos do domicílio”, conta.
A docente explicou que a doença é causada por um fungo presente na terra de jardins e quintais, que pode ser transportado sob as unhas dos gatos. Ao entrarem em contato com outros animais ou seres humanos, esses felinos podem transmitir o agente infeccioso. “Esse fungo está presente normalmente na terra. Os gatos, ao cavarem para urinar ou defecar, e ao afiarem suas unhas nas árvores, acabam levando o fungo debaixo das garras. Ao arranhar um ser humano ou brigar com outros gatos, acabam transmitindo o fungo, que se desenvolve na temperatura do corpo e dá origem à doença. Por isso, orientamos os agentes a observarem se há gatos nas residências, se os animais têm acesso ao jardim, se usam caixa de areia, e a alertarem os moradores para ficarem atentos aos sinais clínicos”, destaca.

Além de reforçar o papel da Unimar na formação de profissionais comprometidos com a sociedade, o encontro faz parte das ações de curricularização da extensão, aproximando a Universidade das políticas públicas e da realidade do município. “Essa ação faz parte do nosso planejamento de extensão universitária, que já inclui campanhas de vacinação antirrábica, ações de prevenção à dengue, castrações e agora também o suporte técnico ao município em questões de saúde pública veterinária. É uma forma concreta de integrar o conhecimento acadêmico com as demandas sociais e ambientais da nossa cidade”, enfatiza Prof. Dr. Fábio Manhoso.
A capacitação reforça a relevância da atuação interdisciplinar no enfrentamento de zoonoses e reafirma o compromisso da Unimar com a saúde única.