A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, admitiu nesta terça-feira (16) que o governo federal fracassou na tentativa de solucionar uma crise que envolve a população yanomami. Esta é a primeira declaração de um membro do governo Lula de reconhecimento do insucesso na chamada “missão yanomami”.
Desde janeiro, o governo federal executa uma tarefa de força com o objetivo de reduzir a desassistência na região habitada por etnia indígena, que abrange parte dos estados de Roraima e Amazonas. Para especialistas, há problemas clássicos da região que perduram há anos e não possuem resolução simples.
Mesmo assim, no início do mandato, Lula (PT) relacionou a alta mortalidade e os índices de desnutrição e doenças dos yanomamis a uma tentativa de “genocídio” por parte do governo anterior, de Jair Bolsonaro, e prometeu rápida resolução da crise.
No entanto, como mostrado pela Gazeta do Povo , um relatório da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde publicado no começo do ano revelou que as mortes de yanomamis em 2023 cresceram quase 50% em relação ao ano anterior . Foram 308 vítimas contra 209 em 2022.
Segundo o relatório, 104 mortes foram só de bebês com menos de um ano de idade. Outras 58 mortes foram de crianças entre um e quatro anos de idade. Ao todo, as mortes de crianças até 4 anos de idade atingem 52,5% do total.
“Não é só falar que não se resolverá em 2023. Na verdade, não se resolverá. E provavelmente não se resolverá em 2024, considerando a situação complexa que temos. Mas pegamos o território nessa situação. Achamos que era só uma crise sanitária, mas tinha toda essa questão do garimpo impregnado”, disse Sonia Guajajara em live realizada junto com o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba.
Fonte: Gazeta do Povo