Revisão médica: Dr.ª Clarisse BezerraMédica de Saúde Familiar
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune na qual o sistema imune ataca as células da tireoide, causando uma inflamação dessa glândula, o que geralmente resulta em um hipertireoidismo passageiro que depois é seguido por um hipotireoidismo.
De fato, este tipo de tireoidite é uma das causas mais comuns do hipotireoidismo, especialmente em mulheres adultas, causando sintomas como cansaço excessivo, queda de cabelo, unhas quebradiças e até falhas de memória.
Na maioria das vezes, a doença começa com um aumento indolor da tireoide e, por isso, pode ser identificada apenas durante um exame de rotina no médico, mas em outros casos, a tireoidite pode causar uma sensação de bola no pescoço, que não causa nenhuma dor à palpação. Em qualquer um dos casos, o tratamento com um endocrinologista deve ser iniciado o mais cedo possível para regular o funcionamento da glândula e evitar o surgimento de complicações.

Principais sintomas
Os principais sintomas da tireoidite de Hashimoto são:
- Aumento fácil de peso;
- Cansaço excessivo;
- Pele fria e pálida;
- Prisão de ventre;
- Baixa tolerância ao frio;
- Dores musculares ou articulares;
- Ligeiro inchaço da parte da frente do pescoço, no local da tireoide;
- Cabelo e unhas mais fracos.
A tireoidite de Hashimoto é mais comum nas mulheres e a sua descoberta normalmente é feita entre os 30 e os 50 anos de idade através de exames de sangue de rotina.
Possíveis causas
Ainda não se conhece a causa específica para o surgimento da tireoidite de Hashimoto, no entanto é possível que seja provocada por uma alteração genética, já que é possível que a doença apareça em várias pessoas da mesma família.
Outros estudos indicam que este tipo de tireoidite pode ser iniciado após a infecção por um vírus ou bactéria, que acaba provocando uma inflamação crônica da tireoide.
Embora não exista um causa conhecida, a tireoidite de Hashimoto parece ser mais frequente em pessoas com outras alterações endócrinas como diabetes tipo 1, mau funcionamento da glândula adrenal ou outras doenças auto-imunes como anemia perniciosa, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, doença de Addison ou lúpus, e outras como déficit de ACTH, câncer de mama, hepatite e presença de H. pylori.
Como confirmar o diagnóstico
A melhor forma de diagnosticar a tireoidite de Hashimoto é consultar um endocrinologista e realizar o exame de sangue que avalia a quantidade de T3, T4 e TSH, além da pesquisa dos anticorpos antitireoidianos (anti-TPO). No caso de tireoidite, a TSH geralmente está normal ou aumentada.
Algumas pessoas podem apresentar os anticorpos antitireoidianos mas não apresentar nenhum sintoma, sendo considerados portadores de tireoidite auto-imune subclínica e por isso não necessitam de tratamento.
Conheça mais sobre os exames que avaliam a tireoide.
Como é feito o tratamento
O tratamento normalmente só é indicado quando há alterações dos valores de TSH ou quando surgem sintomas, sendo normalmente iniciado com a reposição hormonal feita com o uso de Levotiroxina por 6 meses. Após esse tempo, geralmente é preciso voltar ao médico para reavaliar o tamanho da glândula e realizar novos exames para saber se é preciso ajustar a dose do remédio.
Nos casos em que existe dificuldade para respirar ou comer, por exemplo, devido ao aumento do volume da tireoide, pode ser indicado a realização de cirurgia para retirar a glândula, chamada tireoidectomia.
Como deve ser a dieta
A alimentação também pode afetar bastante a saúde da tireoide e, dessa forma, é recomendado fazer uma dieta saudável e com alimentos ricos em nutrientes bons para o funcionamento da tireoide como iodo, zinco ou selênio, por exemplo. Veja uma lista dos melhores alimentos para a tireoide.
Além disso, é importante incluir na alimentação do dia a dia alimentos ricos em ômega-3, pois possuem propriedade anti-inflamatória. Em alguns casos, o nutricionista ou o médico pode recomendar o uso de 1 a 2 gramas de ômega-3 em forma de suplemento.
A tireoidite de Hashimoto também pode levar a um desbalanço da microbiota intestinal, de forma que há um maior risco da pessoa desenvolver disbiose. Por isso, é importante incluir no dia a dia o consumo de frutas e vegetais frescos, além de diminuir o consumo de gorduras saturadas e de produtos industrializados.
Possíveis complicações da tireoidite
Quando a tireoidite provoca alteração na produção de hormônios e não é tratada adequadamente, podem surgir algumas complicações para a saúde. As mais comuns incluem:
- Problemas cardíacos: pessoas com hipotireoidismo não controlado têm maiores chances de apresentar níveis de LDL elevado no sangue, o que aumenta o risco de problemas cardíacos;
- Problemas de saúde mental: por diminuição da produção de hormônios da tireoide, o organismo perde energia e por isso a pessoa se sente mais cansada, contribuindo para alterações do humor e até surgimento de depressão;
- Mixedema: esta é uma condição rara que geralmente surge em casos muito avançados de hipotireoidismo, levando ao inchaço do rosto e até a sintomas mais graves como ausência completa de energia e perda de consciência.
Assim, o ideal é que sempre que se desconfie de tireoidite se procure um endocrinologista para fazer os exames necessários e iniciar o tratamento o mais cedo possível.