O câncer pulmonar resultado da exposição por amianto costuma ser letal, o que dificulta pesquisas mais incisivas sobre formas de tratamento. Agora, pesquisadores analisam o potencial de um biomarcador chamado mesotelina a prever mortalidade de pacientes diagnosticados, na esperança de encontrar novas formas de entender o avanço da doença.

Câncer pulmonar estudado costuma ser letal

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) analisaram a mesotelina como potencial terapia contra tumores do tipo mesotelioma pleural maligno.

Como explicou uma das autoras, a professora do Departamento de Patologia da FMUSP, Vera Luiza Capelozzi, ao Jornal da USP, a pleura é uma membrana que reveste os pulmões e contribui para a expansibilidade e elasticidade dos pulmões durante a respiração.

No entanto, quando indivíduos são expostos a alguns materiais nocivos, como o amianto, podem ter reações inflamatórias. A longo prazo, isso pode crescer para desenvolver o mesotelioma maligno, câncer associado à exposição ao amianto.

O tumor, por sua vez, é altamente agressivo e os pacientes diagnosticados costumam ter sobrevida de seis a 13 meses, com o câncer afetando os tecidos pulmonar e cardíaco, além de outras estruturas.PUBLICIDADE

Ainda não há tratamento direcionado e o acompanhamento costuma envolver quimioterapia, mas a resposta acaba não sendo efetiva a longo prazo.

Amianto pode causar problemas décadas após a exposição (Imagem: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock)

Biomarcador pode ajudar no tratamento

Aí é que entra a mesotelina:

  • Segundo Capelozzi, existe um gene codificado pela célula mesotelial chamado mesotelina, que codifica proteína homônima;
  • Esta, por sua vez, atrai para perto do tumor células linfoides T e linfócitos, desejáveis para o combate de diferentes tipos de câncer – incluindo o pulmonar;
  • A proteína já era conhecida e estudada em animais, mas pouco analisada em humanos;
  • A pesquisa, então, analisou o efeito da proteína no paciente e avaliou o ambiente no qual a célula tumoral cresce e progride;
  • O estudo se deu a partir de 82 casos de pacientes com exposição ao amianto. Neles, a proteína emerge como promissora no tratamento, podendo coibir o crescimento e a invasão dos tecidos.
Desafio no estudo do câncer pulmonar envolve a sobrevida dos pacientes (Imagem: Vitória Lopes Gomez via DALL-E/Olhar Digital)

Há desafios na análise do câncer pulmonar

A professora revelou que a mesotelina esteve presente em mais de 70% dos pacientes estudados. O uso dela pode ser combinado com outros tratamentos para gerar resposta imunológica mais efetiva para destruir o tumor.

Mas há um problema. Ensaios clínicos nesse sentido já estão em andamento, mas os pacientes com câncer pulmonar do tipo estudado não costumam sobreviver por muito tempo e, raramente, ultrapassam o estágio 3, o que dificulta conclusões.

Segundo Capelozzi, é necessário mais tempo de recrutamento de pacientes para comparar resultados e ser mais efetivo no tratamento.

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Biomarcador pode ajudar a combater certo tipo de câncer letal; saiba qual