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Uma das maiores referências no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar mais produtivas e eficientes, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) traçou planos ambiciosos para promover sua expansão no país. Nos laboratórios da companhia, em Piracicaba (SP), cientistas desenvolvem variedades de matérias-primas geneticamente modificadas e trabalham em um projeto ainda maior: criar sementes artificiais de cana, que prometem revolucionar o plantio do setor sucroalcooleiro.

Com a aposta em biotecnologia, o CTC planeja abrir seu capital na B3, Bolsa paulista, e também na Nasdaq, nos Estados Unidos. A companhia brasileira de pesquisa quer ser vendida aos investidores em Nova York como “a Monsanto da cana” – multinacional de agricultura e biotecnologia controlada pela alemã Bayer.

A mudança de estratégia da empresa de pesquisa brasileira foi vital para garantir a sobrevivência do centro de pesquisa. De 2017 para cá, a companhia já lançou duas variedades transgênicas de cana resistentes à broca, umas das principais pragas que afetam os canaviais e causam prejuízos anuais de R$ 5 bilhões às usinas. O próximo passo será uma combinação de variedades resistentes à broca e também tolerantes a herbicidas. A segunda onda prevê o lançamento de uma variedade resistente ao bicudo, praga que “come” outros R$ 4 bilhões das usinas por ano.

Mais do que perda de receita, as principais pragas do setor – broca e bicudo – afetam duramente a produtividade dos canaviais. Até então, o controle é feito no “olhômetro”: funcionários de usinas andam pelos canaviais e tentam detectar canas “doentes” – as variedades atacadas apresentam furinhos em seus gomos. Os defensivos agrícolas ajudam nesse combate, mas não são totalmente eficientes.

Maior produtor global de cana, com uma produção anual média de 650 milhões de toneladas e faturamento de R$ 100 bilhões, o Brasil não está no radar das grandes multinacionais por não ter uma escala mundial, como é o caso da soja e do milho.

Ao contrário de outras importantes culturas de grãos, que tomaram conta de quase todas as lavouras do mundo por seu ganho de produtividade, redução no uso de agrotóxico e no impacto ambiental, a cana geneticamente modificada é produzida em pequena escala no País. A expectativa é chegar ao fim da safra 2020/21 com área plantada de 50 mil hectares, de um total de 9,2 milhões hectares em todo País.

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Brasil deve revolucionar o setor da cana-de-açúcar mundial