Passar por um tratamento médico é mais comum do que se imagina e hoje, há várias formas de enfrentar isso. A assistência por home care, por exemplo, é um dos métodos de dar continuidade ao tratamento de algumas doenças, internações ou de reabilitação do paciente e esta modalidade está em alta. Segundo o último levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o aumento foi de 22%. Para João Paulo Silveira, CEO da Domicile Home Care, esse tipo de atendimento teve um aumento ainda maior durante a pandemia, um salto de 40%.
“Os convênios já estão olhando mais para o home care e as vantagens desse tipo de atendimento. Os hospitais podem retirar pacientes dos leitos e direcioná-los para o tratamento em casa, isso traz benefícios tanto para os hospitais, que conseguem desafogar muito mais rápido o sistema de saúde, algo que é fundamental neste período de COVID, como também pode ser benéfico para o próprio paciente”, avalia Silveira.
Para falar sobre a qualidade do home care, o especialista separou sete benefícios deste tipo de atendimento. Confira:
Humanização
Um dos principais benefícios é a humanização do atendimento e o afeto durante o tratamento do paciente. Essa modalidade permite mais contato entre médicos, pacientes e familiares, com isso, o processo de reabilitação torna-se muito mais transparente e desestressante, já que todos conseguem assistir de perto aos quadros clínicos.
Equipe Multidisciplinar
O home care possui uma equipe multidisciplinar, ou seja, que funciona como no hospital, cuidando de todo o quadro clínico do paciente, porém, dentro de casa.
Afeto durante o tratamento
Seguindo o mesmo caminho da humanização do atendimento, o afeto durante o tratamento pode trazer melhoria para a saúde, afinal, estar mais próximo de amigos e familiares e da sua própria rotina e hábitos de referência, podem tornar o processo de recuperação mais eficaz. Segundo a revisão de 148 estudos feitos nos Estados Unidos por especialistas da Brigham Young University e da Universidade da Carolina do Norte mostrou que pessoas com vínculos afetivos ativos tinham 50% mais chances de sobrevivência. Esses mesmos autores também concluíram que a sensação de solidão e falta de amigos são comparáveis aos problemas provocados pela obesidade, abuso do álcool ou consumo de 15 cigarros por dia. “Esse é um dos principais pontos, as pesquisas já alertam sobre a importância do afeto e durante a pandemia assistimos diversos quadros de ansiedade e depressão desencadeados pelo distanciamento social”, avalia o especialista.
Infecção hospitalar
Como um enfermo tem a imunização afetada, bactérias e vírus de hospitais podem ser grandes vilões na hora da recuperação. Manter um paciente em casa pode privá-lo de ter contaminações, pois ele fica menos exposto aos riscos infectológicos que podem piorar o quadro dele. Além disso, neste cenário os familiares e conhecidos não precisam também se expor a este ambiente e correr risco de contrair alguma doença, como por exemplo, em dias atuais, o Covid 19.
Assistência individual
Em casa, cada profissional consegue dar uma atenção direcionada e integral ao quadro do paciente, ou seja, o contato do médico é muito mais personalizado. Este tipo de metodologia também oferece mais resolutividade e conforto para a evolução clínica do paciente.
Psicológico
Passar por uma doença já é difícil fisicamente e emocionalmente. O sentimento de isolamento, abandono e tristeza podem gerar depressão e piora do estado de saúde dos pacientes. Ao ser transferido para casa, um paciente deixa de lado a sensação de estar doente e isso traz a sensação para o subconsciente de cura e isso eleva a autoestima e bem-estar. Portanto, o home care tem impacto no tratamento de saúde, físico e emocional do paciente.
Desafogar hospitais
Os benefícios do home care se estendem também para os hospitais. A desospitalização de um paciente é positiva também para o quadro da saúde no Brasil que enfrenta superlotação. Quando um paciente é direcionado para o tratamento em casa ele dá espaço para pacientes que precisam, essencialmente, da supervisão em aparelhagem em um hospital. Diante da insuficiente infraestrutura hospitalar no Brasil, onde 74,3% dos municípios possuem menos leitos do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o estudo revela que, caso o setor de Atenção Domiciliar à Saúde encerrasse suas atividades, seriam necessários 20.763 leitos hospitalares adicionais ao ano para absorver os pacientes atendidos pela modalidade
Sobre João Paulo Silveira
João Paulo Silveira é CEO e fundador da Domicile Home Care, assistência médica em domicílio e é membro do Conselho Fiscal Efetivo da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP). Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Hospital das Clínicas Da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), já trabalhou em locais como o Grupo Hospitalar SOBAM/Hospital Pitangueiras com assistência domiciliar e, antes disso, como fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital São Camilo. Além disso, possui curso de liderança 360 na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), MBA em administração hospitalar e sistemas de saúde pela Fundação Getúlio Vargas.