A partir de 9 de junho de 2021, o Sesc Bauru recebe itinerância da mostra Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, exposição do fotógrafo Sebastião Salgado, um dos nomes mais proeminentes da contemporaneidade. Os mais de 50 registros que compõem a mostra, todos feitos na década de 1980, trazem ao público a realidade do que foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, na região da Amazônia Paraense.
A exposição, que teve a sua estreia no Sesc Avenida Paulista, passando pelo Sesc Guarulhos e Sesc Birigui, tem curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, responsável pela editoria e organização de todo o trabalho de Sebastião Salgado, co-fundadora da agência Amazonas Images e do Instituto Terra.
Na ocasião da abertura, dia 9 de junho, o Sesc Bauru promove um bate-papo online, às 19h30, em seu canal do YouTube entre o garimpeiro e agricultor Etevaldo da Cruz Arantes e o fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Kanaykõ Xakriabá. O encontro, que é mediado pela geógrafa e educadora Flora Pidner, aborda questões relacionadas ao garimpo, sustentabilidade e fotografia.
Segundo Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, “Ao apresentar a exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, o Sesc reitera o seu compromisso com uma agenda cultural que revela relações entre habitantes e o planeta, e que, aliadas a pulsões distintas compõem o temperamento humano e servem como semeadura para terrenos geopolíticos e expressivos. Assim, corrobora com o propósito de exercitar olhares éticos e críticos, sobre acontecimentos fundamentais de uma história recente e que se relaciona intimamente com ambos, presente e futuro, que avistamos diante de nós”.
O público poderá visitar a exposição de forma gratuita, de terça a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/bauru. As visitas têm duração máxima de 60 minutos, a cada 1h15, e máximo de 10 pessoas. O uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas, durante todo o período.
Serra Pelada presente
A descoberta acidental de ouro em uma remota encosta do morro do Pará, atraiu milhares de garimpeiros autônomos de diversas partes do país em busca do mesmo sonho: enriquecer. Serra Pelada, como a mina foi batizada, se tornou um imenso buraco de cerca de 200 metros de diâmetro e profundidade, onde em torno de 80 mil homens tinham um fluxo intenso de trabalho em condições precárias. Tudo o que era retirado da terra tinha destino e, cada metro quadrado, um dono.
Os primeiros a chegar ao local receberam lotes de 2×3 metros para explorar e contratar peões para fazer o trabalho pesado, que envolvia cavar e juntar terra e depois carregar morro acima sacos de cerca de 40 quilos. No topo, a terra era peneirada em busca de ouro sob os olhos do proprietário do lote. Os peões, homens de todas as idades, raças e classes sociais eram supervisionados pela polícia federal, enviados para conter a violência. Entretanto, a maior tensão ocorria justamente entre os oficiais e os garimpeiros.
Em meio a este ambiente de esperança e aflições, Sebastião Salgado registrou as trilhas encravadas na cratera, os garimpeiros com sacos de terra nas escadas de madeira (apelidadas sugestivamente de “adeus mamãe”), o sobe e desce de corpos cobertos de lama e suor, o desapontamento em cada vão aberto sem uma pepita achada e a euforia do encontro com um lampejo dourado. Suas fotografias revelam anseios e alegrias de homens que largaram suas vidas e famílias para desbravar uma terra com condições inóspitas e de futuro incerto.
As obras resultantes da expedição do fotógrafo são expostas em Gold – Mina de Ouro Serra Pelada. O conjunto propõe a reflexão e o olhar crítico sobre a história da mina mineira, que configura um passado recente possível relacionado com o presente e o futuro da humanidade e do planeta.
Sobre Sebastião Salgado
Nascido em 1944, em Minas Gerais, Brasil, Sebastião Salgado atualmente vive em Paris, na França. É casado com Lélia Wanick Salgado, com quem tem dois filhos e dois netos. Formado em economia, Salgado começou sua carreira como fotógrafo profissional em 1973, na capital francesa, e trabalhou com agências de fotografia – dentre as quais a Magnum Photos – até 1994, época que ele e Lélia Wanick Salgado fundaram a Amazonas Images, dedicada exclusivamente à sua obra.
Salgado já viajou por mais de 100 países para desenvolver seus projetos fotográficos. Além das publicações na imprensa, sua obra foi apresentada em livros como Other Americas Outras Américas, Sahel: l’homme en détresse (1986), Sahel: el fin del camino (1988), Workers Trabalhadores, Terra (1997), Migrations [Êxodos] e Portraits Retratos de crianças do êxodo, Africa (2007), Genesis (2013), The Scent of a Dream Perfume de sonho, Kuwait, a desert on fire (2016) e Gold (2019). Todos esses livros foram editados, concebidos e tiveram seu projeto gráfico elaborado por Lélia Wanick Salgado.
Atualmente, Sebastião trabalha em um projeto fotográfico sobre a Amazônia brasileira, seus habitantes e as comunidades indígenas; seu objetivo é ampliar a conscientização sobre as ameaças que elas enfrentam em consequência da exploração ilegal da madeira, da mineração do ouro, da construção de represas, da criação de gado e do cultivo de soja e, cada vez mais, das mudanças climáticas.
Desde 1990, Lélia e Sebastião vêm trabalhando juntos na recuperação de parte da Mata Atlântica brasileira, no estado de Minas Gerais. Em 1998, conseguiram tornar essa área uma reserva natural e criaram o Instituto Terra. A missão do Instituto é voltada ao reflorestamento, à conservação e à educação ambiental.
Orientações de segurança para visitantes
O Sesc São Paulo retoma, de maneira gradual e somente por agendamento prévio online, a visitação gratuita e presencial a exposições em suas unidades na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral. Para tanto, foram estabelecidos protocolos de atendimento em acordo com as recomendações de segurança do governo estadual e da prefeitura municipal.
Para diminuição do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, conforme as orientações do poder público, foram estabelecidos rígidos processos de higienização dos ambientes e adotados suportes com álcool em gel nas entradas e saídas dos espaços. A capacidade de atendimento das exposições foi reduzida para até 5 pessoas para cada 100 m², com uma distância mínima de 2 metros entre os visitantes e sinalizações com orientações de segurança foram distribuídas pelo local.
A entrada na unidade será permitida apenas após confirmação do agendamento feito no portal do Sesc Bauru. A utilização de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a visita, assim como a medição de temperatura dos visitantes na entrada da unidade serão obrigatórias. Não será permitida a entrada de acompanhantes sem agendamento. Seguindo os protocolos das autoridades sanitárias, os fraldários das unidades seguem fechados nesse momento e, portanto, indisponíveis aos visitantes.