Se você ainda não sofreu com uma dor de cabeça mais forte, é só uma questão de tempo. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, mais de 90% das pessoas tiveram, têm ou terão esse desconforto em algum momento da vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a dor de cabeça como uma das mais impactantes. Causada por vários fatores, ela afeta o humor, a disposição e, nos casos mais graves, até inviabiliza atividades cotidianas, como o trabalho.

O fisioterapeuta e PhD em Neuroanatomia, Mario Sabha, explica que as dores de cabeça podem estar relacionadas a problemas digestivos, na vesícula, no fígado ou causadas por desidratação. Nos últimos meses, no entanto, elas estão mais relacionadas às mudanças de hábito provocadas pela pandemia. Não à toa, segundo o Google, a procura por “dor de cabeça” aumentou 33% entre 15 de março e 20 de junho, na comparação com o mesmo período de 2019.

As dores de cabeça causadas por tensões fortes nos músculos dos ombros, pescoço, cabeça e rosto, chamadas de cefaleia tensional, estão mais recorrentes. “Uma pessoa que passa muito tempo com a musculatura tensa e rígida em frente ao computador, ao celular ou desempenhando atividades que exigem muito tempo em uma mesma posição, podem sofrer com a dor tensional de cabeça que, geralmente, só alivia após o descanso”, afirma Sabha.

As enxaquecas congestivas, causadas pelo acúmulo de sangue na circulação do crânio, são dores muito comuns entre os pacientes do fisioterapeuta. “Uma pessoa com esse tipo de problema começa a sentir muitas dores, que vão do topo da cabeça, atingindo o pescoço e braços, afetando até a região ocular podendo, inclusive, aumentar a pressão arterial intraocular”, explica.

Problemas na articulação da mandíbula são outra causa muito comum. O PhD em Neuroanatomia explica que alterações na articulação temporomandibular e a tensão causada durante a mastigação podem retrair os músculos mastigatórios, além de comprimir as raízes nervosas que vão para a região da cabeça e crânio, causando dores na face. “Quem tem esse problema, se queixa de dores até no ouvido quando a enxaqueca acontece, mas a disfunção está na região da mandíbula”, pontua.

Para evitar as enxaquecas e dores de cabeça, o especialista recomenda racionalizar o trabalho, fazer alongamentos antes e depois de cada uma das atividades e um alinhamento específico do corpo com um profissional especializado em osteopatia craniana. “É indicado que, a cada dois meses, seja realizado um ajuste no corpo, além de outros tratamentos em conjunto com dentistas, terapeutas e psicólogos, por exemplo, principalmente para quem sofre desse mal”, recomenda. “Geralmente, sugerimos tratamentos mais naturais, como a quiropraxia, meditação e exercícios físicos, porque o excesso de medicação pode causar outros desajustes metabólicos e sobrecargas no organismo”, alerta.

O PhD e fisioterapeuta reforça a importância de observar sinais que demonstrem que aquela dor de cabeça não é apenas um sintoma pontual. “A dor é um mecanismo que indica que algo não está funcionando de forma adequada no nosso corpo. Então, procure perceber se você está fora da sua rotina, se está trabalhando mais, extrapolando seus limites ou desempenhando mais tarefas do que está acostumado”.

Sabha cita ainda a importância de procurar sempre a ajuda de um especialista para diagnosticar a causa do problema e tratá-lo de forma adequada e responsável. “Se as dores vêm em momentos que nunca surgiram, começam a durar muito e com sintomas desconhecidos até por você, é o momento de procurar um profissional. O ideal, entretanto, é não esperá-la chegar mas procurar um tratamento osteopático preventivo, como as terapias manipulativas específicas para o tratamento do crânio, que são grandes aliadas para amenizar esse tipo de problema”, finaliza.

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Dores de cabeça aumentam durante pandemia