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Exagero, maximalismo, expressão artística ou uma somatória dessas combinações? Assim é o apartamento repleto de personalidade, inserido em um conceito aberto, que mescla texturas, estampas, cores e materiais diversos na criação de uma atmosfera única. Ao desenvolver o projeto dos sonhos, o arquiteto Gabriel Mazorra, responsável pelo Mazorra Studio, não poupou ousadia na composição dos ambientes que formam o seu próprio imóvel.
Logo na entrada – acesso este feito por um elevador -, a recepção é acompanhada por uma biblioteca singular. Utilizando placas de acrílico como prateleiras e barras rosqueadas, porcas borboleta e arruelas como montantes, o colorido proposital torna os livros e objetos como os protagonistas que preenchem os olhos de qualquer um. Tudo isso em um desenho industrial, mas que dispensa a clássica serralheria preta e marcenaria.
O contraponto chega logo à frente com o tradicional banquinho de telefone, cujo assento foi produzido com palha indiana, que participa da decoração com toques de um romantismo vintage repaginado no modernismo para folhear livros e carregar o celular na tomada USB, além de presentear o espaço com sua cor laranja- avermelhado, quase fosforescente.
Uma cozinha profissional
Inicialmente, a bancada da cozinha teria o formato de uma ilha convencional. No entanto, o trabalho final apresenta-se como um monobloco inteiro em inox escovado e assentado sobre uma base de aço inoxidável. Contudo, polido dessa vez, reflete o granilite preto que reveste os pisos das áreas sociais e de serviço.
Na cozinha do arquiteto Gabriel Mazorra, o inox dá um toque industrial ao espaço, ressaltando a rusticidade prosaica das paredes revestidas com cacos de basalto (aproveitamento dos dejetos de uma pedreira), que por sua vez conversa com o brutalismo do concreto aparente da laje | Foto: Sidney Doll
Ao fundo, os armários instalados sob e sobre a bancada de granito preto foram pintados conforme a inspiração terracota das tradicionais panelas de barro, tão usadas no passado, e que resistem até hoje em muitas casas e restaurantes.
Tropicália
Tal qual a marcante época cultural brasileira, principalmente na música, a sala deste projeto é de uma inovação estética grandiosa, mesclando os mais variados elementos. “A ideia era criar um local divertido e confortável para vivenciar momentos a dois e receber os amigos com muita personalidade”, conta o arquiteto Gabriel Mazorra.
As poltronas de vime, ao fundo, no estilo cadeira-pavão, remetem à uma nobreza rústica enquanto representam o diálogo entre pares, observando o enorme painel feito em cacos de basalto. Já no teto, o arquiteto Gabriel Mazorra introduziu um contraste, repleto de curvas verdes, que reafirma o impacto visual proposto | Foto: Sidney Doll
O sofá Nuvem, da Casa Ática, é o conforto modular centralizado entre a contemplação da vista de concreto da metrópole paulistana, também apreciada por meio de uma chaise em couro de vaca. Nos momentos de assistir televisão, diferentes tapetes de fibras e peles naturais conferem um relevo tropical aos ambientes | Foto: Sidney Doll
Próxima da área da churrasqueira, a sala de jantar complementa o espaço gourmet seguindo a linha bucólica, porém, contemporânea. As poltronas ao redor da mesa com tampo de vidro e base em madeira contam com assentos revestidos em veludo italiano de padronagem, claro, tropical, enquanto a pintura preta de alto brilho propicia ares futurísticos ao conjunto.
Acima, um pendente organicamente composto por peças em formato de forquilhas metálicas, douradas e alongadas, acompanha os desenhos de eletrocalhas no teto por todo o recinto, que alimentam outros pontos de iluminação pontuais.
A mesa de jantar expõe sua base feita de madeiras em formato de forquilha, fazendo alusão a pilha de gravetos para uma fogueira – obra do designer Paulo Alves. Para o arquiteto Gabriel Mazorra, nada mais adequado para uma mobília posicionada próxima do xodó da casa: a churrasqueira dotada de um braseiro profundo e suporte de espetos e
m balanço de um lado e, do outro, uma parilla à moda uruguaia | Foto: Sidney Doll
Um espetáculo à parte
 A suíte do casal é como entrar na coxia e se preparar para o espetáculo. Com um closet fechado por uma cortina vermelha teatral, a parede principal é totalmente revestida com pedras naturais oriundas de talhes feitos em outras peças, completando o clima lúdico e extravagante das artes cênicas presente ainda no veludo, em animal print, aplicado nas paredes do lavatório – este reformulado para ocupar um lugar elevado sobre um piso de deck composto por finas ripas de madeira ebanizada que permitem o escoamento da água sob a estrutura.
O sistema de fechamento com cortinas planejado pelo arquiteto Gabriel Mazorra ajuda na fluidez, na acústica e no clima teatral da suíte com piso de madeira muiracatiara | Foto: Sidney Doll
O conjunto de mobiliário em estilo colonial americano dos anos 1940 são heranças familiares restauradas e, para o arquiteto Gabriel Mazorra, representam o clássico na junção com as luminárias de estilo | Foto: Sidney Doll
Seguindo com as escolhas nada convencionais, a banheira fica exposta para usufruir a vista da varanda nos momentos mais íntimos e relaxantes, enquanto o chuveiro e a bacia sanitária foram fechados por um box de vidro serigrafado, provido de janela para ventilação natural.
A banheira, a bancada, as divisórias sanitárias e todos os revestimentos de parede foram feitos com o mesmo basalto rústico das paredes. Entretanto, por aqui o arquiteto Gabriel Mazorra decidiu cortá-los em chapas trabalhadas em marmoraria | Foto: Sidney Doll

Cuidado
Com o intuito de evitar danos pela exposição à luz natural, os vidros da construção contam com películas laminadas PVB que protegem o interior dos raios UV, melhorando o conforto térmico e protegendo móveis e revestimentos.

A vida na palma da mão
Para facilitar o dia a dia, o acesso ao apartamento é feito por um elevador com controle biométrico, assim como a fechadura da porta do acesso de serviço que otimizam o cotidiano sem a necessidade das chaves e promovem maior segurança.Por meio do celular, o controle da casa! Usando um sistema de automação, é possível mexer em pontos de iluminação, ar-condicionado, motorização das cortinas, som ambiente do imóvel, áudio e vídeo. O manuseio por aplicativo permite também criar uma central de equipamentos eletrônicos que não precisa ficar em evidência. “Assim, pudemos criar uma sala de TV onde o equipamento não é um protagonista do ambiente social, mas um coadjuvante, um elemento high-tech, disposto como um quadro sobre uma parede rústica de pedras”, aponta Mazorra.


Sobre o Mazorra Studio 
Gerenciado pelo arquiteto Gabriel Mazorra, desenvolve projetos e executa obras de arquitetura de interiores, edificação e paisagismo nos segmentos residencial, comercial e corporativo. É formado arquiteto urbanista pela Universidade Mackenzie em 2004 e pós-graduado pela FGV em 2012 no MBA em Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil. Atua em escritório próprio desde 2006, após ter acumulado experiência profissional com arquitetos renomados das áreas de arquitetura, paisagismo e interiores residenciais e corporativos desde 2002. Tomou a frente no desenvolvimento de projetos 3D com a tecnologia BIM já a partir de 2009, quando este método de construção virtual ainda estava longe de suplantar a tecnologia CAD. Eternamente aprendendo a ler pessoas, atua em uma vasta gama de projetos de reforma e construção, aceitando o desafio de autoconhecimento e amadurecimento de linguagem arquitetônica própria. @mazorra.studio
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Maximalismo em apartamento rompe padrões estéticos
O living do apartamento do arquiteto Gabriel Mazorra conta com inúmeras combinações de materiais, texturas e estampas capazes de estabelecer uma harmonização ímpar | Foto: Sidney Doll