O número de fumantes em Marília despencou nos últimos anos. Em 1986, 36% da população adulta do município era fumante. Hoje esse índice caiu para 9,8%, o que representa cerca de 18 mil marilienses dependentes do tabaco. Dados são de pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, com dados de 2019.
O médico Carlos Rodrigues, professor da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e coordenador do Ambulatório de Controle do Tabagismo, considera o número de fumantes ainda expressivo, mas destaca que a redução foi drástica ao longo dos anos.
“Quando começamos o trabalho, em 1986, tínhamos 36% da população adulta fumante. Nossa meta é chegar a 4% da população numa projeção dentro de dez anos, um dos melhores índices registrados no mundo, e Marília está no caminho. Mas não existe pretensão de zerar a população de fumantes, isso nunca vai acontecer”, destacou.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o fumo está associado a 90% dos casos de câncer de pulmão e aumenta de maneira significativa o risco de acidentes cerebrovasculares (AVCs) e ataques cardíacos.
Em Marília, segundo dados do DataSUS (Departamento de Informática do SUS), 652 pessoas morreram entre 1996 e 2018 vítimas de câncer de pulmão, traqueia e brônquios. Essa estatística refere-se a atendidos pelo SUS, ou seja, não leva em conta convênios e particulares.
Tratamento
Em relação ao tratamento, o médico Carlos Rodrigues explica que é necessário identificar o nível de dependência do fumante antes de qualquer prescrição.
“O tratamento consiste em identificar o nível de vontade de parar de fumar. Ela é classificada em quatro níveis. Depois aplicamos um pequeno questionário de dez itens, pelo qual é possível identificar o nível de dependência. A partir das respostas, é possível prescrever ações preventivas e medicamentos. Existe uma estatística de que cada pessoa que deixou de fumar tentou de três a quatro vezes”, explica.
Para o controle da ansiedade, é prescrito o medicamento bupropiona. Os adesivos de nicotina ajudam a conter possíveis crises de abstinência que podem ser registradas nos primeiros meses de tratamento, até que haja a desintoxicação do organismo.
A pandemia provocou a transferência do serviço da Santa Casa de Marília para a sede do DRS (Departamento Regional de Saúde) e para a Famema.
“Eu já capacitei milhares de profissionais de saúde da cidade e região de como tratar o tabagismo. De fato, o único lugar que conseguiu se estruturar foi a Santa Casa. Os atendimentos eram realizados presencialmente até o início da pandemia, mas por conta do tabagismo ser um fator de risco para a covid-19, acabamos transferindo temporariamente o atendimento para o DRS e para a Famema”, esclareceu.
Serviço
O DRS fica na rua 15 de novembro, 1.151. O telefone para mais informações é o (14) 3402-8800. A Famema fica na avenida Monte Carmelo, 800. Mais informações: (14) 3311-2929.
Campanha
A OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou uma campanha que vai durar um ano, em que desafiará 100 milhões de pessoas em todo o mundo a tentar parar de fumar com a ajuda das redes sociais.
A campanha, centrada especialmente em países que mantêm elevado número de fumantes (Brasil, Estados Unidos, México, China e Alemanha, entre outros), vai promover a criação, em redes sociais, de comunidades de pessoas que estão abandonando o hábito de fumar, para que se apoiem mutuamente nesse desafio e partilhem informações.
Outro objetivo é aumentar o acesso a serviços de apoio para deixar de fumar e conscientizar sobre as táticas usadas pelas empresas de cigarros.
No mundo, cerca de 780 milhões de pessoas afirmam que querem deixar de fumar, mas apenas 30% delas têm acesso às ferramentas que podem ajudá-las a atingir esse objetivo. Segundo a OMS, a campanha visa aumentar a disponibilidade dessas ferramentas.
Devido à pandemia de covid-19, uma doença que pode ser mais grave para fumantes com doenças respiratórias crônicas, tem aumentado o número de pessoas interessadas em abandonar o hábito.
“Fumar mata 8 milhões de pessoas por ano, mas, se os fumantes ainda precisam de mais motivos para deixar o hábito, a pandemia tem sido um verdadeiro incentivo”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no lançamento da campanha.