
O setor varejista brasileiro tem enfrentado uma escalada de pedidos de recuperação judicial (RJ) nos últimos anos, afetando marcas icônicas do mercado. O caso mais recente é o do St. Marche, rede de supermercados premium, que se junta a nomes como Americanas, Tok&Stok e Marisa, que também recorreram à recuperação judicial para reestruturar suas dívidas. Mas o que leva empresas sólidas a essa situação? E, mais importante, como evitá-la?
“O varejo opera com margens apertadas e alta dependência de capital de giro, o que torna essencial um planejamento financeiro robusto”, alerta Daniela Correa, advogada especialista em Direito Empresarial, com mais de 20 anos de experiência em Tributário, Trabalhista, Societário e Compliance. Segundo a especialista, muitas empresas entram em recuperação judicial, não apenas por crises externas, mas por falhas internas na gestão financeira, tributária e operacional.
Os principais erros que levam empresas à recuperação judicial
Daniela destaca que, na maioria dos casos, a recuperação judicial poderia ser evitada se as empresas corrigissem falhas estratégicas a tempo. Entre os erros mais comuns estão:
- Endividamento sem planejamento – Muitos varejistas expandem sem avaliar sua real capacidade de pagamento, comprometendo o fluxo de caixa;
- Gestão tributária falha – O não cumprimento de obrigações fiscais pode levar a dívidas impagáveis e restrições de crédito;
- Descontrole de estoque e capital de giro – Estoques altos ou obsoletos e dificuldade na gestão do fluxo de caixa agravam a crise;
- Falta de governança e compliance – Decisões tomadas sem critérios sólidos podem gerar problemas legais e financeiros.
Para evitar chegar ao ponto crítico da recuperação judicial, Daniela recomenda que empresas adotem uma postura preventiva e estruturada, baseada em:
- Revisão contínua da estratégia financeira, monitorando endividamento e capital de giro;
- Planejamento tributário eficiente, garantindo o cumprimento de obrigações fiscais e identificando oportunidades de redução de carga tributária;
- Adoção de governança corporativa, com processos internos claros para tomada de decisão e mitigação de riscos;
- Negociação antecipada com credores, evitando a deterioração das relações financeiras antes que a recuperação judicial seja a única saída.
“O ideal é que empresas enxerguem sinais de alerta e busquem alternativas como reestruturação de dívidas, fusões ou venda de ativos antes de entrarem em um processo de recuperação judicial, que pode ser longo e desgastante”, enfatiza Daniela.
Com a crise do varejo e o aumento expressivo de pedidos de recuperação judicial, a gestão empresarial precisa ser cada vez mais estratégica e preventiva. Evitar a recuperação judicial não é apenas uma questão de sobrevivência, mas de competitividade no mercado.
Sobre Daniela Correa: Daniela é advogada especialista com mais de 20 anos de experiência em Direito Empresarial, com ênfase em Tributário, Trabalhista, Societário e Compliance, com atuação no consultivo e contencioso estratégicos.