“Pela primeira vez sinto uma sensação de segurança em Gaza, mas acho que vai durar pouco”. Shadi Balbisi, engenheiro de 33 anos, é um dos 2 milhões de palestinos que vivem na faixa entre Egito, Israel e o Mar Mediterrâneo e precisam enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
Para Balbisi, o fato de viver em um lugar “isolado” há mais de dez anos por conta do bloqueio econômico pode ajudar a conter a disseminação da doença, mas a preocupação dele é justamente se ela se espalhar. “Aqui há falta de equipamento médico e desinfetantes em razão do bloqueio de Israel. Sentimos um segurança pelos motivos errados.”
Desde 2007, Israel mantém um bloqueio ao enclave palestino com a ajuda do Egito sob a justificativa de ser o necessário para conter o Hamas, grupo que controla Gaza e é considerado pelo governo israelense e outros países ocidentais, como os Estados Unidos, uma organização terrorista.
Na Cisjordânia, a chegada do novo coronavírus também mudou costumes. “As notícias começaram aqui em Belém em 5 de março e, desde então, eu decidi ter meu próprio esquema de isolamento. Deixei a cidade e passo a maior parte do meu tempo trabalhando no campo”, diz o guia turístico palestino Hassan Muamer.
Com a atividade turística paralisada, o guia foi com a família para uma região de montanhas a 13 quilômetros de Belém e começou a cultivar alguns legumes para tentar resistir aos meses de confinamento. “As principais ruas da cidade foram bloqueadas então ficamos sem acesso, exceto em casos de emergência. Mas aqui no campo, os fazendeiros têm melhores recursos para passar por essa fase.”
Muamer conversa com os amigos e parentes pelo WhatsApp e ligações telefônicas. Ele explica que acompanha a situação no resto da Cisjordânia pelas notícias e, em Gaza, pelos amigos. Na Cisjordânia, foram confirmados 57 casos do novo coronavírus e uma morte, ocorrida nesta quarta-feira, 25. Em Israel, foram confirmados 945 casos e uma morte.