A pobreza infantil vai permanecer acima dos níveis registrados antes do aparecimento da covid-19 durante pelo menos cinco anos nos países mais ricos, alertou nesta sexta-feira (11) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), defendendo maior apoio direto às crianças.
Segundo relatório divulgado pela instituição, a ajuda financeira repassada pelos governos para combater a crise provocada pelos efeitos da pandemia, tem sido destinada sobretudo às empresas e apenas 2% foram dirigidos às crianças.
Por isso, o Unicef pede “maior equilíbrio das despesas, de forma a garantir apoio mais direto às crianças”. O pedido é feito no relatório Apoio às Famílias e às Crianças além da Covid-19: Proteção Social nos Países Mais Ricos.
O documento, produzido pelo Centro de Investigação do Unicef, o Innocenti, conclui que 90% dos apoios financeiros foram dirigidos a empresas, tendo sido atribuídos, entre fevereiro e o fim de julho, o “valor histórico” de US$ 10,8 bilhões.
Este valor, destinado a financiar a resposta à covid-19 nos países desenvolvidos, foi destinado por meio de pacotes de apoio fiscal dirigidos a empresas.
“Embora sejam essenciais na resposta à crise, os apoios às empresas vão, inevitavelmente, excluir as crianças mais marginalizadas e suas famílias, o que significa que as crianças que estão numa situação pior serão as mais afetadas”, diz a organização no relatório.
O Unicef destaca que é imprescindível “maior equilíbrio” dos apoios para beneficiar as crianças, acrescentando que cerca de um terço dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da União Europeia “não implementaram quaisquer políticas de apoio às crianças no âmbito da resposta à primeira fase da pandemia”.
Mesmo entre os que investiram em intervenções de proteção social para crianças e famílias – incluindo cuidados infantis, alimentação escolar e abonos de família – “a maioria apenas o fez, em média, durante três meses”, alerta.
Para o Unicef, essas medidas de curto prazo são “completamente inadequadas” para enfrentar a duração estimada da crise e os riscos de pobreza infantil a longo prazo e, por isso, lança algumas recomendações.
É preciso aumentar as despesas de proteção social para proteger as crianças até porque, “com o tempo, passará a haver uma procura maior por intervenções sociais mais intensivas”.

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Unicef: pobreza infantil vai se  manter elevada durante 5 anos