Fiquei surpreso com a forma banal com que a sociedade vê a paternalidade, lendo a matéria do periódico mais antigo em circulação na América Latina. A manchete do Diário de Pernambuco de 27 de julho, 2008 disse tudo: “Pais Descartados – Mulheres Recorrem A Banco De Sêmen No Recife Para Gerar Filhos Sem Parceiros”. O artigo explicou que “Mulheres pernambucanas com idade acima de 35 anos e uma carreira bem-sucedida estão recorrendo à ciência para realizar o sonho de ter filhos. No lugar de um parceiro problemático em carne e osso, elas procuram um banco de sêmen, com direito à escolha de três perfis contendo cor de pele, cabelo e olhos, altura e profissão. O esperma do doador vem de São Paulo. O serviço completo custa cerca de R$ 3 mil. Neste caso, o pai biológico nem consta na certidão de nascimento”.

Neste extremo creio que a praticidade, a funcionalidade e a aceleração da vida parecem atropelar até mesmo as figuras mais significativas para a formação do ser. No entanto, há os pais descartáveis “presentes” mas “ausentes”. Entendeu? Estão na casa, mas não na ambiência, pois não educam, não brincam, não conversam, não doam seu tempo, enfim, também são descartáveis. Ao inverso, da matéria, o que seria um “Pai necessário”? Um escritor, apesar que desconhecido, me fez entender que nossa sociedade precisa de figuras paternas simples, mas legítimas:

Ele ensina bondade, sendo cordato e gracioso em casa.

Ele ensina paciência, sendo manso e compreensível vez após vez.

Ele ensina honestidade, mantendo suas promessas mesmo quando doe.

Ele ensina coragem, vivendo sem medo e com fé, em qualquer circunstância.

Ele ensina justiça, sendo justo e tratando todos igualmente.

Ele ensina obediência à Palavra de Deus por preceito e exemplo na medida que ele lê e ora com a família dele diariamente.

Ele ensina amor a Deus e à Igreja d’Ele levando sua família regularmente a todos os cultos.

Seus passos são importantes, pois outros seguem atrás.

As melhores lições de vida que aprendemos dos nossos pais não vêm de informações transmitidas por métodos pedagógicos, mas de atitudes do cotidiano, falas informais, momentos de descontração ou episódios de tensão. Falando da figura paterna, o conselho bíblico orienta: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Deuteronômio 6:6-7). É a educação através do cotidiano. A psicologia tem farto material sobre a relação da criança com a mãe e uma gama menor acerca do pai. Mas é comprovado pela Associação Americana de Psicologia que a influência do pai na infância do filho gera algumas influências positivas refletidas na idade adulta como: capacidade de enfrentar o estresse, boa sociabilidade, firmeza de identidade, aptidão profissional… O poeta Coelho Neto escreveu: “Um pai, ainda que o mais pobre, tem sempre uma enorme riqueza para deixar ao filho: seu exemplo!”.

Estes são os pais necessários e significantes, que ensinam com a vida e deixam legados, não apenas heranças. Que Deus nos ajude a sermos pais significantes. Feliz Dia dos Pais!

Rev. Marcos Kopeska – Bacharel em Teologia (UMESP), pós graduando em Terapia Familiar Sistêmica (INDEP), pastor da 3ª Igreja Presbiteriana Independente de Marília e escritor.

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Pais descartáveis e pais significantes