Quase seis meses após decretar o estado emergência pela covid-19 no País, o Ministério da Saúde ainda guarda em seus estoques 9,85 milhões de testes. O número é quase o dobro dos cerca de 5 milhões de unidades entregues até agora pelo governo federal aos Estados e municípios. O exame encalhado é do tipo PT-PCR, considerado “padrão-ouro” para diagnóstico da doença.

O principal motivo para os testes ficarem parados nas prateleiras do ministério é a falta de insumos usados em laboratório para processar amostras de pacientes. Isso porque, segundo informam secretários de saúde, não adianta só enviar o exame, também é preciso distribuir reagentes específicos.

O governo federal comprou os lotes de exames sem ter a garantia de que disporia de todos esses insumos, indispensáveis para usar os testes. Estes produtos não são entregues “com regularidade” pela pasta, afirma o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Questionado, o Ministério da Saúde disse que enfrentou dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe importações de fornecedores. A pasta não explicou se recebeu algum alerta dos técnicos, durante o planejamento, sobre o risco de os testes ficarem parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes utilizados na etapa de extração das amostras foram entregues.

A escassez provoca uma espécie de efeito cascata nos Estados, que ficam com seus locais de armazenamento lotados com os testes recebidos, e à espera dos demais produtos.

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Ministério da Saúde tem 9,8 milhões de testes parados por falta de insumos
SAO PAULO SP 30/03/2020 METROPOLE - PANDEMIA CORONAVIRUS - CHEGADA TESTES RAPIDOS CORONAVIRUS COVID-19 - O primeiro lote com 500 mil kits de teste rápido para o coronavírus Sars-CoV-2 chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos nesta segunda-feira (30). Mais 4,5 milhões de unidades restantes serão entregues ao longo do mês de abril, de acordo com a Vale, que adquiriu os kits e os doará ao governo brasileiro, que cuidará da sua logística de distribuição no país. O teste, produzido pela empresa chinesa Wondfo, possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e permite ter um resultado em apenas 15 minutos. FOTO MINISTERIO DA SAUDE