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Animais gordinhos podem ser fofinhos, engraçados e sossegados, mas quando o tutor se dá conta de que essa condição traz prejuízo ao seu bem-estar e consequente redução na expectativa de vida, a obesidade do pet perde a graça. E nem sempre o animal é gordo porque come demais ou faz atividade de menos. Ele pode ter engordado por sofrer alguma disfunção hormonal.
Segundo a Dra. Taís Angélica Tosco, responsável pelo atendimento especializado em Endocrinologia e Metabologia de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Taquaral, há diversas alterações nos níveis hormonais que podem desencadear a obesidade em cães e gatos. Um dos que ocorre entre os cachorros é o hipotireoidismo, é a deficiência da produção e secreção dos hormônios tireoideanos, responsáveis pelo controle da atividade metabólica. “Quando os níveis de hormônios da tireóide estão baixos o metabolismo fica mais lento, predispondo à obesidade, entre outras alterações”, alerta. O hipotireoidismo é raro em gatos.
Outra alteração hormonal mais comum em cães do que em felinos e que pode levar à obesidade é o Hipercortisolismo ou Hiperadrenocorticismo (também conhecido com Síndrome de Cushing). A Dra. Taís diz que essa disfunção envolve as glândulas adrenais, responsáveis pela produção e secreção de alguns hormônios, como o cortisol. “As glândulas adrenais, quando estão em hiperfunção, produzem mais hormônios que o normal. O excesso de cortisol, entre outros sintomas, pode levar também ao acúmulo de gordura na região abdominal, aumento do apetite e diminuição da disposição física”.
Já os gatos sofrem da Síndrome Metabólica, problema não tão bem esclarecido em cachorros. Essa síndrome é o conjunto de alterações metabólicas e hormonais, considerados fatores de risco, que relaciona a obesidade com disfunções hormonais e cardiológicas. “O gato obeso apresenta resistência insulínica importante com aumento da glicose sanguínea, predispondo a Diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, explica Taís.
As disfunções hormonais podem aparecer em qualquer idade, porém cada disfunção tem uma faixa etária em que há maior predisposição. O hipotireoidismo pode ocorrer em cães mais jovens, a partir dos 2 anos. Já a Síndrome de Cushing e Diabetes é mais comum em cães e gatos de meia idade a idosos. No caso da obesidade, pode ocorrer em qualquer idade, desde filhotes a idosos. É bom ressaltar que algumas doenças hormonais podem ter origem hereditária e/ou predisposição racial, como o hipotireoidismo, hipercortisolismo, diabetes mellitus e obesidade.
Há de se destacar que alguns fatores podem funcionar como gatilhos para promover problemas hormonais, como tipo de alimentação, sedentarismo e o uso indiscriminado de algumas medicações, como os corticoides. “O uso de forma indiscriminada de corticóides, pode levar o animal a desenvolver o Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing) iatrogênico – causado por um fator externo”, adverte a especialista.

Sintomas
A veterinária frisa que é bom o tutor ficar de olho em alguns sinais que o animal demonstra.
Entre eles estão o aumento excessivo do apetite e da sede, prostração, apatia, sono em excesso e alterações dermatológicas, como falha de pelo com queda de pelo em demasia. “Todas essas mudanças podem estar relacionadas a disfunção hormonal, sendo necessário avaliação com especialista para diagnóstico e tratamento. Lembrando que a obesidade também é considerada uma doença que precisa de cuidados, porque afeta a qualidade de vida do pet”, enfatiza.

O diagnóstico e tratamento precoce permitem melhor controle das alterações recorrentes da doença, evitando perda da qualidade de vida e assegurando melhor desfecho.
“Toda doença hormonal gera consequências na saúde do animal. Aumento de colesterol e triglicérides, lesão hepática, alterações cardiovasculares e dermatológicas estão entre os prejuízos, que podem acarretar problemas irreversíveis caso não tratados”, observa a médica-veterinária.

Tratamentos
O tratamento é específico para cada doença. Há casos em que a reposição hormonal gera bons resultados. Outros animais precisam de medicações que inibem a produção hormonal ou até cirurgia ou iodoterapia.
No caso do diabetes mellitus, tanto no cão como no gato, o tratamento é realizado por meio de dieta, manejo e insulinoterapia.
“O cuidado ideal vai depender da doença hormonal em questão, da condição clínica do paciente, dos exames laboratoriais e de imagem, para um melhor resultado. Cada tratamento deve ser individualizado e prescrito por um médico veterinário especialista”, salienta Taís.

RAIO-X das disfunções hormonais
Hipotireoidismo – É caracterizado pela produção e secreção ineficiente de hormônios tireoideanos pela glândula tireoide, resultando na diminuição da atividade metabólica do organismo animal. Com o metabolismo lento surgem sinais clínicos como prostração, perda da disposição física, intolerância ao frio, ganho de peso, alopecia em região de tronco e cauda, alterações reprodutivas, entre outras.
O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos, exames laboratoriais de triagem como hemograma e bioquímicos, exames de imagem e dosagens hormonais (T4 e TSH). O tratamento do hipotireoidismo é realizado pela reposição hormonal por toda vida do animal, com monitoramento regular.

Hipercortisolismo/ Síndrome de Cushing – Produção exacerbada do hormônio cortisol pelas glândulas adrenais. Pode ocorrer de origem espontânea ou iatrogênica (uso excessivo de corticoides). Essa doença acomete cães de meia idade a idosos, mas pode acometer os gatos também. Os principais sinais clínicos são aumento do apetite, ingestão de água excessiva, distensão abdominal, alopecia (queda de pelo) em tronco bilateral e cauda, alteração da pressão arterial, letargia, entre outros.
O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos, exames de triagem (hemograma, bioquímicos, glicemia, urinálise), ultrassonografia abdominal e testes funcionais (Supressão com dexametasona e Estimulação com ACTH). O tratamento pode ser cirúrgico ou medicamentoso, dependendo do quadro clínico do paciente e da etiopatogenia da doença.
Obesidade – A obesidade é o acúmulo excessivo de gordura devido ao desbalanço energético, quando a ingestão calórica é maior que o gasto energético. A obesidade tem maior incidência em animais adultos a idosos, que têm atividade física reduzida. O diagnóstico é observado quando o animal apresenta 15% acima do seu peso corporal ideal, pela inspeção física e palpação dos animais.
A obesidade é um distúrbio nutricional que acarreta aos seus portadores disfunções na fisiologia de diferentes sistemas (cardiovascular, osteoarticular, imunológico, digestório e endócrino).
O tratamento é realizado através de dieta com restrição calórica e atividades físicas regulares. O paciente deve ser monitorado durante todo o tratamento.

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Obesidade animal não é brincadeira. Disfunções hormonais acometem cães e gatos e levam a óbito se não cuidado
As disfunções hormonais podem aparecer em qualquer idade, porém cada disfunção tem uma faixa etária em que há maior predisposição