
O governo brasileiro intensificou o diálogo com os EUA por vias diplomáticas para tentar evitar que a administração de Donald Trump sancione o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
De acordo com integrante do governo familiarizado com os diálogos, eles foram intensificados e ‘subiram de nível’ no fim de semana, envolvendo agora autoridades de primeiro escalão.
O governo achou necessário atuar pois concluiu que as pressões para que Trump sancione o magistrado não vêm apenas do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, visto como um surfista que tem acesso limitado à administração Trump e que navega em uma onda de interesses muito mais poderosos _ e contrários ao STF.
“O jogo é maior”, afirma a o integrante do governo que conversou com a coluna.
A pressão contra Moraes viria de personagens que têm acesso ao salão oval da Casa Branca, e especialmente de donos de big techs, como Elon Musk.
“Está no radar que Musk e outras plataformas estão se movimentando nesse sentido”, afirma o mesmo integrante do governo.
O interesse delas seria disparar um petardo contra o STF não por causa do julgamento de Jair Bolsonaro, mas sim porque a Corte já sinalizou ter posição majoritária a favor da regulamentação das plataformas digitais. Essa posição, inclusive, coincide com a do presidente Lula, que a explicitou em entrevista coletiva na viagem que fez neste mês à China.
Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que sanções contra Moraes estão “em análise” e que “há uma grande possibilidade de isso acontecer”.
O governo brasileiro acredita, no entanto, que há uma divisão na administração Trump sobre o assunto e que diversos setores econômicos com influência na Casa Branca desejam evitar que os EUA entrem em rota de colisão total com o Brasil.
A capacidade de as big techs patrocinarem uma guerra dos EUA contra o Estado brasileiro seria, portanto, limitada. E é nessa margem que representantes diplomáticos do governo Lula pretendem atuar.
A mensagem que o governo brasileiro está passando aos EUA é a de que a sanção seria considerada uma afronta materializada na aplicação extraterritorial de medidas norte-americanas contra o Brasil, e não apenas contra a pessoa de Alexandre de Moraes.
Comunica ainda que não faria sentido aplicar sanções sem conversar com o Brasil e sem ter todas as informações sobre o que ocorre hoje no país. E sem considerar as amplas consequências que elas trariam.
A medida, portanto, seria considerada um ato gravíssimo de retaliação contra o Brasil que não poderia passar sem reação.
De acordo com a mesma autoridade, o governo brasileiro intensificou suas ações para “evitar o pior para todos”.
Fonte: Folha de S. Paulo
Fonte: Diário Do Brasil