
Reprodução O Antagonista
As empresas do grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, assinaram pelo menos três memorandos com a Indonésia durante a viagem do presidente Lula (PT) ao sudeste asiático.
A assinatura ocorreu com os demais atos negociados entre os governos dos dois países.
Com a bênção de Lula, a JBS, produtora de proteína animal da J&F, firmou uma parceria com o fundo soberano indonésio Persero para montar uma grande operação no país que deverá transformá-lo no maior produtor e fornecedor de proteína animal da região.
O plano é expandir a oferta de carnes da JBS no país, utilizando como suporte a planta industrial do frigorífico na Austrália.
“A Austrália exporta 500, 600 mil cabeças por ano de gado vivo para cá. O Brasil, não. A Austrália é mais próxima daqui. E nós temos uma plataforma aqui próximo, uma plataforma importante para nós, que é a plataforma nossa da Austrália. Então, a gente pretende aproveitar a plataforma para fazer uma extensão do que nós temos na Austrália para o sudeste asiático”, disse Wesley Batista ao portal PlatôBR.
“Quando você olha essa região, tem 700 milhões de habitantes”, acrescentou.
Ao lado de ministros e outras autoridades dos dois governos, Wesley e Joesley Batista foram os únicos empresários brasileiros a ter assento na solenidade em Jacarta.
Wesley foi quem assinou a parceria com os indonésios (foto).
Na viagem que fez ao Japão e ao Vietnã no primeiro semestre, Lula já havia priorizado as negociações para liberar barreiras sanitárias aos frigoríficos brasileiros, pauta de interesse direto da JBS.
“Vai aumentar muito o negócio aqui”
À Folha de S.Paulo, Joesley Batista celebrou as ações do governo brasileiro na região.
“A gente vende bastante aqui. A gente vende dos Estados Unidos, vende da Austrália, não vendia do Brasil. Agora está começando a vender. Vai aumentar muito o negócio aqui, o comércio aqui. Essa região está crescendo muito”, disse.
Âmbar Energia
Os irmãos Batista também firmaram um acordo que prevê uma parceria entre a Âmbar, empresa de energia da holding J&F, com o governo indonésio.
O memorando foi assinado pelo executivo José Carlos Grubisich, que chegou a ser preso nos Estados Unidos no curso das investigações sobre a Odebrecht.
Ex-presidente da Braskem, Grubisich ficará responsável pela operação da Âmbar no sudeste asiático.
Tarifaço
Durante a viagem, Joesley Batista confirmou ter ajudado a costurar o encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir o tarifaço.
“Temos bons amigos, e tem muita gente que gosta do Brasil, apesar de outros não gostarem”, disse ao PlatôBR.
Os irmãos Batista são próximos do embaixador Richard Grenell, conselheiro de Trump.
A ajuda do governo aos irmãos Batista
Como Crusoé apontou na raiz, em dezembro de 2023, na reportagem “Um choque de anticapitalismo” e na matéria de capa “De volta para o passado”, o governo Lula vem garantindo lucros aos irmãos Batista às custas dos brasileiros.
O governo Lula publicou, em 13 de junho de 2024, uma medida provisória de socorro ao caixa da Amazonas Energia, distribuidora de energia elétrica do estado do Amazonas que há tempos tem dificuldades de caixa e está inadimplente com termelétricas fornecedoras, para cobrir os pagamentos devidos pela empresa às termelétricas recém-compradas pela Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Assinado pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, já que Lula cumpria agenda na Europa, o texto previa que os consumidores pagassem o socorro financeiro por até 15 anos.
No cálculo de operadores do mercado de energia, os custos poderiam variar de 2 bilhões a 2,7 bilhões reais por ano, com a possibilidade de passar de 30 bilhões de reais no final do prazo.
A MP determinou que os contratos de fornecimento das térmicas com a Amazonas Energia fossem pagos pela Conta de Energia de Reserva, paga por todos os consumidores de energia e gerida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Após aprovar o socorro ao caixa da Amazonas Energia, o Ministério de Minas e Energia relativizou o aumento na conta de luz provocado pela MP, tratando os valores como “irrisórios”.
Fonte: O Antagonista
Fonte: Diário Do Brasil
