O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), amplamente reconhecido pelos pais de crianças pequenas, figura como uma das principais causas de bronquiolite e infecções respiratórias em bebês. Contudo, apesar de ser pouco mencionado e subdiagnosticado entre adultos, o VSR demanda a atenção daqueles com mais de 60 anos ou que apresentam comorbidades, pois pode resultar em várias complicações e infecções graves.

Este vírus, comumente encontrado no ambiente respiratório, geralmente provoca sintomas leves, assemelhando-se aos do resfriado. “A maioria das pessoas se recupera em uma ou duas semanas. Mas o VSR pode levar à hospitalização e até mesmo ao óbito. E justamente por apresentar um quadro clínico parecido com o de outros vírus respiratórios, se não for realizada a coleta de material respiratório para exame laboratorial, como fazemos para COVID-19 e Influenza, não haverá diagnóstico”, alerta Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e gerente médica de vacinas da GSK.

Sintomas e transmissão

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A médica conta que pessoas com VSR geralmente apresentam sintomas como espirros, congestão nasal, coriza, tosse, febre e mal-estar, que se iniciam de quatro a seis dias após serem infectadas. Porém alguns casos mais graves podem evoluir, por exemplo, para uma pneumonia.6

“O vírus é de fácil contágio e, semelhante a algumas outras infecções respiratórias como a gripe e a COVID-19, pode ser transmitido através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, por meio de contatos próximos, como beijo, ou por superfícies contaminadas. Pessoas infectadas geralmente transmitem o vírus por três até oito dias, podendo iniciar a propagação um ou dois dias antes de começarem a apresentar os primeiros sinais da doença”, explica Lessandra, destacando que alguns indivíduos, como bebês e especialmente aqueles com sistema imunológico enfraquecido, podem continuar disseminando o vírus por até quatro semanas.7

Alerta vermelho para população 60+

“Com o passar dos anos, conforme vamos envelhecendo, o nosso sistema imunológico normalmente vai enfraquecendo. Trata-se de um período de imunossenescência, no qual há diminuição do número e da quantidade de células de defesa do organismo. O idoso enfrenta dificuldades em combater infecções e fica mais suscetível a quadros infecciosos mais frequentes e graves e, assim como acontece com os bebês e as pessoas imunodeprimidas, o risco de complicações e até morte é maior”, alerta a infectologista.

“Estudos mostram que a infecção por VSR pode ser uma causa significativa de exacerbação de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e de asma. Idosos com DPOC podem ter até 13 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados devido a complicações do VSR. Portadores de asma podem ter até 3,6 vezes mais possibilidade de hospitalizações, e diabetes podem ter até 11 vezes mais. Já em idosos com insuficiência cardíaca congestiva (ICC), a doença pode ser ainda mais preocupante. Eles possuem até 33 vezes mais riscos de serem hospitalizados”1-8-9, conta a infectologista.

Os números do VSR

Nos Estados Unidos, anualmente, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o vírus leva a aproximadamente de 60 a 160 mil hospitalizações e de 6 a 10 mil óbitos, em adultos com 65 anos ou mais.10 No Brasil, entre 2020 e 2022 foram notificados mais de 30 mil casos da doença, com uma taxa de letalidade de 20,77% em 2022 em adultos de 60 anos ou mais.11

Segundo pesquisas, a letalidade pode ser até 20 vezes maior em adultos mais velhos do que em crianças.11

Prevenir é possível

“Há prevenção através do uso de anticorpos monoclonais indicada para bebês e crianças com algumas condições de saúde. Para adultos com 60 anos ou mais, há proteção com vacina, já em uso nos Estados Unidos e alguns países da Europa. Em breve, teremos esse tipo de proteção disponível também no Brasil”, diz Lessandra.

Mas, além da prevenção através da vacinação, algumas outras medidas podem ajudar no combate ao contágio e transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequência; e evitar sair de casa quando estiver doente.10-12

“É necessário mencionar também que as crianças pequenas são frequentemente expostas e infectadas pelo VSR, principalmente em ambientes como creches, escolas, festinhas e parquinhos, e eles podem então transmitir o vírus a outros membros da família, especialmente para os adultos mais velhos, como os avós. Por isso, é muito importante que as pessoas, principalmente os idosos, conheçam mais sobre a doença, seus riscos, formas de prevenção e procure um médico caso tenham sintomas respiratórios”, finaliza a médica.

As informações são da CNN (clique no link para ter acesso às referências bibliográficas)

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Foto: Reprodução