Pesquisadores do Brasil apresentaram um estudo na 10ª Conferência Europeia de AVC que pode trazer benefícios significativos para pacientes com AVC isquêmico agudo. A trombectomia mecânica ™, um procedimento que remove coágulos sanguíneos do cérebro, está disponível no SUS desde o final do ano anterior e é recomendada até 24 horas após o início dos sintomas. As informações são da Folha de S. Paulo.
O Ministério da Saúde indica que, dentro de oito horas dos sintomas, uma tomografia é adequada para avaliar a elegibilidade do paciente para a TM. Após esse período, exames de imagem mais detalhados são necessários, aumentando os custos para os hospitais. A neurologista Sheila Martins destaca que a pesquisa confirmou a eficácia da TM sem a necessidade de tomografia avançada, o que pode ampliar o acesso ao tratamento.
O estudo envolveu 245 pacientes e foi coordenado pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os resultados ainda não foram publicados, mas já foram apresentados ao Ministério da Saúde. O ministério esclareceu que hospitais não habilitados também podem realizar a TM, e novas habilitações podem ser solicitadas pelos gestores locais.
A pesquisa é pioneira em avaliar a TM em estágios tardios fora de países desenvolvidos, onde estudos anteriores utilizavam ressonância magnética. A neurologista vascular Maramelia Miranda menciona que a nova pesquisa servirá como base para atualizar as diretrizes clínicas no SUS.
Os pesquisadores agora investigam por que os resultados não foram tão positivos em pacientes acima de 70 anos, suspeitando que as condições de saúde pré-existentes dos pacientes do SUS possam influenciar a eficácia do tratamento.
Miranda aponta que o maior desafio para o tratamento do AVC isquêmico é a organização do atendimento, os custos dos materiais e a necessidade de equipes especializadas. Ela enfatiza a importância de um fluxo de atendimento eficiente e campanhas de conscientização para garantir que os pacientes cheguem rapidamente ao hospital adequado.
O AVC é a segunda principal causa de morte no mundo e espera-se um aumento de 47% nas mortes por AVC até 2050. No Brasil, as doenças cardiovasculares, incluindo AVCs, são responsáveis por cerca de 400 mil mortes anuais.