Existem diferentes fórmulas prometendo retardar o envelhecimento, como suplementos alimentares, minerais ou mesmo pílulas, todos com eficácia questionável. Para Venki Ramakrishnan, biólogo molecular e ganhador do Prêmio Nobel de Química, ter uma boa dieta, praticar exercícios físicos e dormir bem são mais efetivos que qualquer remédio anti-idade disponível hoje no mercado.
Sim, é verdade que a ciência tem buscado novos caminhos para a aumentar a longevidade humana, como os testes com a rapamicina, medicamento já usado como imunossupressor.
As terapias que envolvem a transfusão de sangue de um indivíduo mais novo para outro mais velho, conhecidos como parabiose, também podem ser outro caminho, como demonstram testes em animais.
No entanto, essas intervenções estão longe de terem eficácia e segurança comprovadas contra um processo inevitável e multifatorial — associado com inúmeros genes e proteínas — que é o envelhecer.
O que é melhor que remédios anti-idade?
“Comer bem, dormir bem e fazer exercício são atualmente mais eficazes do que qualquer medicamento antienvelhecimento existente no mercado”, afirma o ganhador do Nobel para a BBC.
Entre as vantagens desses três hábitos, Ramakrishnan destaca o fato de não terem efeitos adversos conhecidos, dentro de limites saudáveis, além de terem inúmeras evidências científicas associadas com a longevidade saudável. Por exemplo, protegem contra morte precoce e câncer.
“Colocar em prática essas dicas ‘antigas’ nos ajuda a manter a massa muscular, regular a função mitocondrial, a pressão arterial e o estresse e reduzir o risco de demência”, acrescenta o cientista. “O problema é que nem sempre é fácil segui-los”, admite.
É lógico que, se existisse um remédio tão eficaz, qualquer pessoa iria preferir tomar esse comprimido mágico no lugar de correr 40 minutos na esteira, mas não existe uma resposta tão simples para o complexo dilema que é o envelhecimento.
Alimentação em excesso
Olhando para as sociedades modernas, um dos grandes desafios para a longevidade é a alimentação em excesso — o que não deve ser confundido com boa alimentação e nem com as necessidades básicas de um indivíduo. Por excesso, entende-se muito mais calorias que o necessário e doses absurdas de açúcar por dia.
“O ser humano não evoluiu para comer em abundância”, reforça Ramakrishnan. “Nossa espécie começou como caçadores e coletores. Comíamos esporadicamente, jejuávamos naturalmente e tínhamos a restrição calórica”, pontua.
Prêmio Nobel de Química
Em 2009, Ramakrishnan recebeu o Prêmio Nobel em conjunto com os pesquisadores Thomas A. Steitz e Ada E. Yonath. Os três cientistas foram fundamentais para aumentar a compreensão sobre a ação dos ribossomos, as organelas conhecidas por serem uma fábrica de proteínas dentro das células.
Este entendimento foi fundamental para desenvolver novas gerações de antibióticos. Isso porque esses medicamentos têm como foco bloquear a função dos ribossomos encontrados nas bactérias invasoras. No campo da longevidade, não também é possível pensar em novos medicamentos que não foquem nessas organelas.
Fonte: BBC