Todos os anos, cerca de 360 mil brasileiros morrem por conta de doenças cardiovasculares, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo o colesterol ruim um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças. Um novo medicamento, no entanto, pode mudar isso.
O lepodisiran é um remédio em dose única e os primeiros resultados de sua aplicação em humanos foram divulgados recentemente no JAMA. Os números mostram que o medicamento foi capaz de reduzir a presença do colesterol ruim no corpo em 94%, tornando ele praticamente indetectável no corpo durante quase um ano.
O que você precisa saber?
• O colesterol ruim é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares;
• Novo medicamento pode mudar isso;
• O lepodisiran reduziu em 94% a presença do composto no corpo humano;
• Isso com apenas uma dose.
O que é o colesterol ruim?
Oficialmente chamado de Colesterol LDL, ele é basicamente o colesterol combinado às lipoproteínas de baixa densidade (Lpa).Em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de obstrução e, consequentemente, de infarto e acidente vascular cerebral. Por isso, o LDL é conhecido como “colesterol ruim” e seu nível deve ser mantido baixo.
Já quem “tira” o colesterol das células para ser eliminado são as lipoproteínas de alta densidade (LPb), que quando combinadas ao colesterol, são denominadas HDL. Ele ajuda a evitar a obstrução das artérias, sendo conhecido como “colesterol bom” e seu nível deve ser mantido alto.
O grande problema do colesterol ruim é que esses níveis elevados costumam ser herdados, e não são afetados por dieta, exercícios e outros medicamentos. Atualmente, não existe um tratamento efetivo para reduzir os índices desse colesterol.
Por isso, o lepodisiran pode ser tão importante. Como você vence um fator de risco que é em grande parte genético?” disse Steven Nissen, principal autor do estudo. “Uma abordagem altamente eficaz é interferir no gene, e é para isso que o lepodisiran e outras novas terapias foram concebidas.”
O medicamento atua desativando o RNA mensageiro envolvido na produção de apolipoproteína (a), um componente essencial para a montagem de partículas de Lpa.
48 pessoas participaram dos testes, todos com níveis anormais de colesterol ruim. 12 foram designados aleatoriamente para receber um placebo e 36 receberam uma única injeção subcutânea de lepodisiran. No grupo que recebeu o medicamento, as doses foram distribuídas aleatoriamente em quantidades que variam de 4 até 608 mg.
Depois disso, eles foram acompanhados com exames de sangue por 48 semanas. Com a dose mais elevada de lepodisiran, 608 mg, os níveis sanguíneos de Lp(a) diminuíram rapidamente e eram indetectáveis no dia 29. Os níveis permaneceram imensuráveis entre os dias 29 e 281 e depois aumentaram ligeiramente.
“Na nossa opinião, esta terapêutica é muito promissora”, disse Nissen. “Esses dados indicam que o lepodisiran é seguro e que sua eficácia na redução da Lpa foi profunda, com eliminação quase total da Lpa que durou muito tempo. Saberemos mais após o estudo da Fase 2, que está em andamento.”
“Se novos ensaios mostraram que este medicamento é seguro e pode reduzir ataques cardíacos e AVC, seria uma boa notícia para os pacientes porque elimina um factor de risco que não conseguimos tratar. Este medicamento pode ser uma injeção anual semelhante a uma vacina para pessoas com níveis elevados de Lpa”. Steven Nissen
Por Lucas Soares/ Olhar Digital
Revista D Marília