Por Alexandre Perez

Em nosso dia a dia é muito comum encontrarmos pacientes que apresentem queixas emocionais muito intensas e duradouras, que frequentemente acabam por gerar estados depressivos e/ou ansiosos. Depois de várias tentativas terapêuticas com medicamentos psicotrópicos, muitos deles ainda sofrem com suas mazelas, tendo alcançado apenas uma melhora parcial dos sintomas.
Nosso pensamento homeopático compreende de pronto a razão deste fato, já que consideramos que o paciente não pode somente ser tratado em sua esfera ‘cerebral’ ou ‘corporal’, apenas com medicamentos que atuem no metabolismo físico. Em nossa experiência percebemos que a maioria dos pacientes que trazem queixas emocionais possuem raízes mais profundas e totalmente psíquicas sustentando o seu sofrimento.
Nestes casos, temos notado que mesmo a medicação homeopática não é suficiente. Compreendemos que os medicamentos psicotrópicos comuns agem principalmente melhorando os sintomas desagradáveis e os medicamentos homeopáticos agem na esfera emocional como coadjuvantes do raciocínio, isto é, facilitam a compreensão de novos caminhos emocionais que ainda não foram tentados, ajudando o paciente a encontrar novas alternativas de comportamento. Mas mesmo assim, um bom número de pacientes acusa apenas melhora, sem resolução verdadeira da sua dor. É como se não possuíssem mais sua liberdade, seu livre arbítrio para raciocinar, conservando-se presos numa teia de pensamentos dos quais não sabem se libertar.
Em nosso modo de entender esta situação, consideramos que a existência de valores e conceitos a respeito de certas vivências pessoais acabam por fornecer interpretações mortificadoras destas situações vividas, que literalmente prendem o livre arbítrio destes pacientes. Isto equivale a dizer que a forma como interpretam os acontecimentos em suas vidas acaba por gerar o seu próprio sofrimento, pois não conseguem olhar para si mesmos de maneira diversa e são literalmente guiados por pensamentos conceituais rígidos e frequentemente equivocados. É como se a sua verdade íntima os tivesse conduzido para armadilhas das quais não conseguem se desvencilhar.
Entendemos também que um eficiente recurso de libertação íntima seria a ‘ressignificação’ destes acontecimentos e causas profundas, a fim de que mudanças aconteçam de dentro para fora, permitindo a renovação da sensação de bem-estar.
Isto é o que comumente é chamado de ‘insigth’ em psicoterapia e geralmente espera-se que ocorra de maneira espontânea durante um processo de psicoterapia.
Num processo de análise psíquica diferente, temos preferido guiar o melhor possível o paciente, para que, concomitante ao tratamento homeopático, reaposse-se de seu livre arbítrio e continue a ‘caminhar com suas próprias pernas’.
Primeiro é preciso ‘descascar a cebola’, tirando camada por camada das defesas psíquicas e escudos que formamos para não encontrarmos conosco mesmos. Assim, conseguimos identificar as tais raízes mais profundas do sofrimento que, frequentemente, não são apenas os traumas ou acontecimentos vivenciados, mas sim a significação dada a eles e o efeito desta significação nas ações do paciente. Num segundo momento é preciso desconstruir e reconstruir conceitos equivocados, respeitando-se a filosofia de vida do próprio paciente, tanto quanto possível, mas também ajudando-o a modificá-la tanto quanto necessário. E num terceiro momento é preciso operacionalizar estas mudanças, que prontamente provocarão modificações igualmente importantes no modo de viver do paciente, desencadeando reações emocionais em cadeia, que fatalmente dissolverão o sofrimento e a dor atuais.
Na teoria parece fácil, não?

Alexandre Eduardo W. U. F. Perez – CRM: 86.576 / RQE:83.551
Especialista em homeopatia pelo Instituto Homeopático François Lamasson
Titulado pela Associação Médica Brasileira e Associação Médica Homeopática Brasileira
Clínica Anima e Soma
Av. Cascata, 111
(14) 3316 2003 / 3316 2006 / 99108 2842

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